PEQUIM/XANGAI (Reuters) - Os casos importados de coronavírus da China atingiram o recorde de 228, mostraram dados nesta sexta-feira, uma vez que viajantes infectados se espalharam para mais províncias, aumentando a pressão para que as autoridades endureçam as regras de entrada e os protocolos de saúde.
Pelo segundo dia consecutivo, porém, a China não registrou nenhum caso de transmissão doméstica do vírus, que surgiu na província central de Hubei no final do ano passado, de acordo com novos cifras diárias atualizadas até quinta-feira.
O temor de uma segunda onda de infecções na China está crescendo, no momento em que o país assume o controle da epidemia e a disseminação do vírus na Europa e na América do Norte desencadeia uma disparada de expatriados chineses de volta para casa, muitos deles estudantes.
"O número de casos importados na China aumentou ainda mais, e por isso a pressão para ficar alerta também aumentou", disse Wang Bin, autoridade da Comissão Nacional de Saúde, em uma coletiva de imprensa em Pequim nesta sexta-feira.
A China continental teve 39 casos novos de infecções importadas na quinta-feira, segundo a comissão. Quatorze destes ocorreram na província de Guangdong, no sul, oito no polo comercial de Xangai e seis na capital Pequim, informou a entidade em um comunicado.
Os principais pontos de entrada de viajantes infectados têm sido polos de transporte essenciais como Pequim, Xangai e Guangdong, incluindo a cidade de Shenzhen, próxima de Hong Kong.
Uma leva de casos importados também foi relatada na cidade de Tianjin e nas províncias de Liaoning, Heilongjiang, Shandong e Gansu, no norte, e ainda nas províncias de Zhejiang, Fujian, Sichuan e na região de Guangxi, mais ao sul, o que eleva o número de infecções importadas da China a 228.
A comissão não disse onde se acredita que os casos se originaram, mas autoridades provinciais disseram que alguns dos viajantes estiveram no Reino Unido, na Espanha e nos Estados Unidos.
"Todos estão sendo vigilantes a respeito daqueles que voltam do exterior. É fundamental não baixarmos a guarda", disse Cao, morador de Pequim que só informou o sobrenome, à Reuters.
Como o receio de recém-chegados infectados do exterior está aumentando, os ministros das Relações Exteriores da China, Japão e Coreia do Sul realizaram uma videoconferência nesta sexta-feira para debater a cooperação para conter a pandemia.
O número de infecções na China continental está em 80.967, com um total de 3.248 mortes até quinta-feira -- três mortes a mais do que no dia anterior.
(Por Ryan Woo, Gao Liangping, Brenda Goh, David Stanway, Thomas Suen, Zhang Yan e Gabriel Crossley)