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Colombianos acusados de envolvimento em morte do presidente do Haiti passaram pela República Dominicana

Publicado 09.07.2021, 12:25
Atualizado 09.07.2021, 12:30
© Reuters. Metralhadores, celulares e passaportes usados por suspeitos de assasinar presidente do Haiti são mostrados à imprensa em Porto Príncipe
08/07/2021 REUTERS/Estailove St-Val

Por Luis Jaime Acosta

BOGOTÁ (Reuters) - Vários colombianos que faziam parte de um comando armado apontado como responsável pelo assassinato do presidente haitiano, Jovenel Moise, entraram no Haiti pela vizinha República Dominicana e ficaram na ilha por mais de um mês antes do assassinato, informaram nesta sexta-feira fontes do Exército e da Polícia Nacional da Colômbia.

Moise, 53 anos, foi morto na manhã de quarta-feira em sua casa, e autoridades do país apontam como responsável um grupo de assassinos estrangeiros treinados, em um ataque que mergulhou o país mais pobre da América em uma crise aguda por divisões políticas, fome e violência generalizada de gangues.

As autoridades haitianas disseram na quinta-feira que o grupo de assassinos era formado por 26 colombianos e dois haitiano-americanos.

Dezessete dos homens foram capturados após um tiroteio com autoridades haitianas em Petionville, um subúrbio na encosta da capital Porto Príncipe, enquanto três foram mortos e oito fugiram, segundo a polícia haitiana.

As autoridades colombianas confirmaram que receberam pedidos de informação do Haiti sobre seis suspeitos, dois dos quais aparentemente morreram e outros quatro foram detidos. Informaram, ainda, que os resultados iniciais indicam que os homens eram membros aposentados do Exército Nacional.

Quatro dos homens pegaram um vôo da Avianca em 4 de junho para a cidade turística de Punta Cana, na República Dominicana, que divide a ilha de Hispaniola com o Haiti, disseram fontes militares e policiais à Reuters. Dois dias depois, eles cruzaram a fronteira com o Haiti.

Um dos capturados fazia parte da unidade de forças especiais antiterroristas urbanas do Exército colombiano e postou fotos em uma rede social em que parecem estar na República Dominicana.

CONFUSÃO SOBRE PODER POLÍTICO

As autoridades haitianas ainda não revelaram o motivo do assassinato de Moise, que enfrentou protestos massivos contra seu governo desde que assumiu o cargo em 2017, primeiro por alegações de corrupção e gestão da economia e, posteriormente, por causa de seu crescente controle do poder.

Foi declarado estado de emergência por 15 dias na quarta-feira no país para ajudar as autoridades a prender os assassinos. Na quinta-feira, o primeiro-ministro em exercício Claude Joseph disse que era hora de reabrir a economia e ordenou a reabertura do aeroporto.

A morte de Moise causou confusão sobre quem é o legítimo líder do país. A Constituição estipula que deve ser o chefe da Suprema Corte, mas emendas estabelecem que é o primeiro-ministro ou, no último ano do mandato de um presidente - o caso de Moise - o Parlamento deve eleger um presidente.

O presidente da Suprema Corte morreu no mês passado de Covid-19, em meio a um aumento das infecções em um dos poucos países que ainda não iniciou uma campanha de vacinação. O Parlamento não está funcionando, porque as eleições legislativas marcadas para o final de 2019 foram adiadas.

© Reuters. Metralhadores, celulares e passaportes usados por suspeitos de assasinar presidente do Haiti são mostrados à imprensa em Porto Príncipe
08/07/2021 REUTERS/Estailove St-Val

Moise nomeou um novo primeiro-ministro, Ariel Henry, para substituir Joseph nesta semana, embora este último não tenha assumido o cargo antes do assassinato.

Joseph apareceu na quarta-feira para assumir o controle da situação, mas Henry --mais bem visto pela oposição-- disse a um jornal haitiano que não considerava Joseph o primeiro-ministro legítimo.

(Reportagem de Julia Symmes Cobb e Luis Jaime Acosta)

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