Por Steve Holland e John Walcott
WASHINGTON (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, está pressionando por um ataque norte-americano mais agressivo contra a Síria do que seus chefes militares recomendaram, conforme adota uma postura mais dura contra o presidente da Rússia, Vladimir Putin, cujo apoio ao governo sírio permitiu que derrotasse forças da oposição, disseram autoridades norte-americanas.
Uma autoridade sênior disse que Trump pediu para o Exército considerar opções que incluíssem punir a Rússia e o Irã – outro importante apoiador estrangeiro da Síria – em parte por conta de seu crescente nível de exasperação com Putin.
No entanto, segundo outras duas autoridades, o secretário de Defesa dos EUA, Jim Mattis, e outros líderes militares alertaram que quanto maior o ataque, maior o risco de um confronto com a Rússia.
Quando forças do presidente da Síria, Bashar al-Assad, realizaram um ataque com armas químicas contra alvos civis no ano passado, Trump ficou horrorizado pelas mortes de “lindos pequenos bebês” e rapidamente ordenou um ataque a mísseis contra uma base aérea do governo sírio, embora tenha escutado assessores militares seniores e decidido minimizar mortes russas e outras.
Um ano depois, Trump se encontra novamente ponderando sua resposta a um possível ataque com gás cometido pelas forças de Assad, desta vez na cidade de Douma no fim de semana passado.
Ele está incomodado com imagens similarmente horríveis de crianças sufocadas, mas sua postura mais agressiva desta vez é movida em parte por sua visão mais dura sobre Putin e sua crença de que Assad não aprendeu uma lição no primeiro ataque, disseram autoridades.
“Apenas dissuadir este ato com alguns ataques aéreos e não olhar para as consequências à Síria não seria uma ação completamente polida”, disse outra autoridade sênior do governo.
É incerto o que a abordagem pode significar para forças russas e iranianas na Síria. Um ataque contra elas pode aumentar o risco de uma guerra mais ampla na Síria, em um momento em que Trump ainda deseja retirar 2 mil soldados norte-americanos no país em uma questão de meses.
A porta-voz da Casa Branca Sarah Sanders disse nesta sexta-feira que a Síria é responsável pelo ataque, mas acrescentou incisivamente: “Nós também responsabilizamos a Rússia pela falha em impedir que ataques a armas químicas ocorressem”.
Desde que assumiu, no ano passado, Trump tem tentado construir relações mais fortes com Putin.
Mas as relações têm ao invés disso azedado por conta de crescente evidência de envolvimento russo na eleição presidencial de 2016, suposto envenenamento cometido pela Rússia contra um ex-agente duplo no Reino Unido e apoio de Putin ao governo de Assad na Síria.
DILEMA DE TRUMP
“Eventualmente, ele ficou exasperado”, disse uma fonte familiar ao debate interno na Casa Branca.
A Rússia negou que o governo de Assad tenha sido responsável pelo ataque com armas químicas, irritando ainda mais Trump, disse uma das autoridades norte-americanas. Após meses de críticas de que Trump estava sendo muito brando com Putin, o presidente norte-americano não poupou em publicação no Twitter no domingo: “Presidente Putin, a Rússia e o Irã são responsáveis por apoiar o Animal Assad”.
Outra autoridade sênior disse que Trump e seus assessores haviam estabelecido um consenso sobre qual estratégia tomar e que o trabalho continuava no prazo e coordenação com aliados que planejam participar.
“O presidente possui um dilema”, disse esta autoridade. “De um lado, não atingir Assad com mais força seria um sinal de fraqueza”.
Mas, a autoridade acrescentou, Trump acredita que para poder ser capaz de negociar com sucesso com Putin, é essencial que demonstre estar disposto a assumir uma linha mais dura na Síria.