Por David DeKok
NORRISTOWN, Estados Unidos (Reuters) - O comediante Bill Cosby foi condenado nesta quinta-feira por três acusações de drogar e molestar uma ex-amiga em 2004, numa vitória para os promotores, em um dos primeiros julgamentos de celebridades por agressão sexual na era do #MeToo.
Cosby, de 80 anos, mais conhecido como o adorável pai do seriado de TV "The Cosby Show", dos anos 1980, pode pegar até 10 anos de prisão por cada uma das três acusações de agressão sexual contra Andrea Constand, que agora tem 45 anos.
O comediante olhou para baixo com uma expressão triste quando o veredicto do júri da Pensilvânia foi lido. Lily Bernard, uma de suas muitas acusadoras, começou a soluçar. Constand sentou-se com cara fechada.
"É uma vitória...para todos os sobreviventes de agressões sexuais, mulheres e homens", disse Bernard a repórteres.
Do lado de fora do tribunal, duas outras acusadoras de Cosby foram vistas se abraçando, chorando e batendo palmas.
O juiz Steven O'Neill determinou que Cosby poderia permanecer fora da prisão com uma fiança de 1 milhão de dólares, aguardando a sentença em uma data posterior, e ele deixou o tribunal.
O promotor distrital Kevin Steele pediu ao juiz para que Cosby fosse levado sob custódia imediatamente, dizendo que havia risco de fuga em parte porque ele possuía um avião.
"Ele não tem um avião, seu idiota!", respondeu Cosby.
Andrea Constand, uma ex-administradora da equipe de basquete feminino da Temple University, é uma das cerca de 50 mulheres que acusaram o comediante de agressão sexual. Todas as outras alegações são consideradas antigas demais para serem julgadas. Cosby alega que todo encontro sexual foi consensual.
A decisão unânime do júri de sete homens e cinco mulheres ocorreu menos de um ano depois de um júri diferente não ter chegado a um veredicto num primeiro julgamento pelas mesmas acusações, levando o juiz a declarar o julgamento anulado. Os promotores decidiram apresentar recurso.
O primeiro julgamento terminou pouco antes de uma onda de acusações de assédio sexual contra homens ricos e poderosos da mídia, entretenimento e política que deu origem aos movimentos #MeToo e #TimesUp. Essas revelações encorajaram mulheres em todas as esferas a publicarem histórias pessoais de abuso, em alguns casos depois de anos de silêncio.