Por Mirwais Harooni e Akram Walizada
CABUL (Reuters) - Manifestantes reunidos na capital do Afeganistão que exigiam a renúncia do governo do presidente Ashraf Ghani após um ataque devastador com caminhão-bomba nesta semana entraram em confronto com a tropa de choque da polícia nesta sexta-feira, e ao menos quatro pessoas morreram.
Os protestos violentos aumentaram a pressão sobre o governo frágil e dividido de Ghani, que tem se mostrado incapaz de deter uma série de ataques de grande repercussão que matou centenas de civis nos últimos meses.
O ataque a bomba de quarta-feira, ocorrido no início do mês muçulmano sagrado do Ramadã, foi um dos piores em Cabul desde a campanha liderada pelos Estados Unidos para depor o Taliban em 2001 e ressaltou a violência crescente na maior parte do país.
Mais de mil manifestantes, muitos com fotos de vítimas de bombas, se reuniram de manhã perto do local da explosão, que deixou mais de 80 mortos e 46o feridos, responsabilizando Ghani e o primeiro-ministro afegão, Abdullah Abdullah.
"A comunidade internacional tem que pressioná-los e forçá-los a renunciar", disse Niloofar Nilgoon, parte de um grupo relativamente grande de mulheres que participavam do protesto. "Eles não são capazes de conduzir o país."
À medida que o impasse se arrastava, a manifestação pareceu se tornar mais tensa, e disparos eram ouvidos com frequência. A tropa de choque usou canhões de água e gás lacrimogêneo para impedir que os manifestantes, muitos dos quais atiravam pedras, tivessem acesso à rua que leva ao palácio presidencial.
No meio da tarde uma autoridade do Hospital de Emergência da cidade, administrado pela Itália, disse que no mínimo quatro pessoas foram mortas e "várias" ficaram feridas.
(Reportagem adicional de Sayed Hassib e Samar Zwak)