Por John Irish e Tom Perry
GENEBRA/BEIRUTE (Reuters) - As frágeis conversas de paz da Síria aparentemente azedaram de vez nesta terça-feira, depois que ataques aéreos mataram cerca de 40 pessoas em um mercado de vegetais lotado em território rebelde, com a oposição dizendo que a trégua em vigor acabou e que irá se manter longe da mesa de negociações por tempo indeterminado.
Um grupo de monitoramento disse acreditar que o ataque ao mercado da cidade de Maarat al-Numan, na província de Idlib, foi a ação isolada mais mortífera desde que um cessar-fogo parcial foi adotado em 27 de fevereiro. A França descreveu os ataques como "mais um massacre".
Um socorrista disse que aviões de guerra alvejaram mercados movimentados simultaneamente em duas cidades de Idlib, matando pelo menos 38 pessoas em Maarat al-Numan e 10 outras na vizinha Kafr Nubl.
"Temos mais de 20 carros que estão levando mortos e feridos para hospitais da área", disse Ahmad Sheikho, membro da corporação de defesa civil, um serviço de resgate que opera em territórios nas mãos da oposição.
O ataque aéreo, acompanhado de combates intensos em outras áreas, parece deixar o vacilante cessar-fogo de seis semanas em frangalhos. A trégua foi mediada pelos Estados Unidos e pela Rússia para abrir caminho para as primeiras tratativas de paz com a presença das partes envolvidas no conflito iniciado há cinco anos.
Essas conversas, que aconteciam em Genebra sob os auspícios da Organização das Nações Unidas (ONU), também parecem ter desmoronado nesta semana. A oposição afirma ter pedido uma "pausa" nas negociações, embora esteja relutando em aceitar a culpa pelo fracasso ao se retirar por completo da mesa de negociações.
Não ficou claro de imediato a quem pertenciam as aeronaves responsáveis pelos bombardeios. Tanto a Força Aérea síria quando a de seus aliados russos vêm atuando apesar da cessação das hostilidades.
Damasco e Moscou afirmam só estarem atacando territórios ocupados por combatentes islâmicos que não fazem parte do cessar-fogo, mas grupos opositores contradizem essa afirmação dizendo que o governo e seus apoiadores russos usam os islâmicos para justificar ataques mais abrangentes.
O Observatório Sírio dos Direitos Humanos, que tem sede em Londres e monitora o conflito na Síria, disse que 37 pessoas foram mortas em Maarat al-Numan e sete em Kafr Nubl. Indagado se esse foi o ataque mais mortal desde o início da trégua, seu diretor, Rami Abdulrahman, respondeu: "Acredito que sim".