Por Nailia Bagirova e Nvard Hovhannisyan
BAKU/YEREVAN (Reuters) - Forças azeris e armênias étnicas tiveram novos confrontos nesta sexta-feira, mas planos para a realização de conversas em Moscou aumentaram a esperança de encerrar as batalhas mais letais no sul do Cáucaso em mais de 25 anos.
Os ministros das Relações Exteriores armênio e azeri eram esperados para conversas na capital russa ainda nesta sexta-feira, um dia depois de Estados Unidos, Rússia e França lançarem uma iniciativa de paz conjunta em uma reunião em Genebra.
"Estamos rumando para uma trégua em breve, mesmo que a situação ainda esteja frágil", disse o gabinete do presidente francês, Emmanuel Macron, depois que este conversou com os líderes armênio e azeri.
O governo da Armênia disse que as conversas desta sexta-feira se concentrarão exclusivamente em uma cessação das hostilidades e em questões humanitárias, que identificou como trocas de corpos e prisioneiros de guerra.
Se os chanceleres dos lados em conflito se encontrarem, será o primeiro contato direto entre a Armênia e o Azerbaijão de que se tem conhecimento desde a irrupção de novos combates no conflito de décadas entre as ex-repúblicas soviéticas no dia 27 de setembro.
Mais de 400 pessoas já foram mortas nos confrontos dentro e no entorno de Nagorno-Karabakh, um enclave montanhoso que a lei internacional diz pertencer ao Azerbaijão, mas que é povoado e governado por armênios étnicos.
A retomada do conflito aumentou o temor de que a Turquia, uma grande aliada do Azerbaijão, e a Rússia, que tem um pacto de defesa com a Armênia, sejam arrastadas para o confronto, e também a preocupação com a segurança dos dutos no Azerbaijão que transportam petróleo e gás natural para a Europa.
O Ministério da Defesa azeri disse que houve choques violentos com forças armênias étnicas durante a noite ao longo da linha de contato que divide os dois lados.
Stepanakert, cidade que armênios étnicos de Nagorno-Karabakh consideram a capital de um Estado independente, estava sendo bombardeada, disse o Ministério da Defesa do enclave.
A luta continuou, apesar das conversas em Genebra na quinta-feira, detalhes das quais não foram divulgados.
O chanceler azeri, Jeyhun Bayramov, concordou em participar das tratativas na cidade suíça com enviados norte-americanos, russos e franceses. Seu equivalente armênio, Zohrab Mnatsakanyan, não participou, mas deve se encontrar com autoridades das três potências em Moscou na segunda-feira.
(Reportagem adicional de Michel Rose e John Irish em Paris e Alexander Marrow e Maria Kiselyova em Moscou)