Por Jeff Mason e Michelle Nichols
WASHINGTON/NAÇÕES UNIDAS (Reuters) - Os Estados Unidos informaram nesta sexta-feira ter opções militares para lidar com a Coreia do Norte, em um sinal de que sua paciência para diplomacia está se esgotando, após Pyongyang disparar um míssil sobre o Japão em direção ao Oceano Pacífico por uma segunda vez em menos de um mês.
O objetivo da Coreia do Norte é chegar ao "equilíbrio" da força militar com os EUA, disse a agência estatal norte-coreana, um dia depois de seu líder, Kim Jong Un, ter ordenado o teste de um míssil Hwasong-12 de médio a longo alcance.
"Nosso objetivo final é estabelecer o equilíbrio da força real com os EUA e fazer com que os governantes dos Estados Unidos não se atrevam a falar sobre opção militar para a RPDC", disse Kim, de acordo com a agência.
Em sua mais recente tentativa de lidar com uma questão que frustrou repetidamente potências mundiais, o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas condenou o “altamente provocativo” lançamento de míssil da Coreia do Norte.
Os 15 membros do conselho já haviam reforçado sanções contra a Coreia do Norte em resposta a um teste de bomba nuclear realizado em 3 de setembro, impondo um banimento sobre exportações têxteis da Coreia do Norte e limitando suas importações de petróleo.
O assessor de segurança nacional da Casa Branca, H.R. McMaster, disse que os Estados Unidos estavam perdendo rapidamente a paciência por soluções diplomáticas sobre os programas nuclear e de mísseis da Coreia do Norte.
“Vínhamos empurrando isso pelo caminho, e o caminho acabou", disse McMaster a repórteres, se referindo aos repetidos testes de mísseis de Pyongyang em desafio à pressão internacional.
“Para aqueles... que têm comentado sobre uma falta de opção militar, há uma opção militar”, disse, acrescentando que não será a escolha preferida do governo Trump.
A embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Nikki Haley, ecoou a forte retórica de McMaster, mesmo que Washington tenha continuado a enfatizar que sua resolução preferida à crise é através de diplomacia e sanções.
“O que nós estamos vendo é: eles continuam sendo provocativos, eles continuam sendo imprudentes e neste momento não há muito o que o Conselho de Segurança possa fazer daqui, quando você cortou 90 por cento do comércio e 30 por cento do petróleo”, disse Haley.
“Então tendo dito isto, eu não tenho problema em transferir isto para o general (Jim) Mattis (secretário de Defesa) porque eu acho que ele possui diversas opções”, acrescentou.
A Coreia do Norte lançou dezenas de mísseis sob comando do líder Kim Jong Un, conforme acelera seu programa bélico projetado para lhe dar a capacidade de alcançar os Estados Unidos com um poderoso míssil nuclear.
O presidente dos EUA, Donald Trump, disse que está “mais confiante do que nunca de que nossas opções em lidar com esta ameaça são eficazes e esmagadoras”. Ele afirmou na Base Conjunta Andrews, próximo a Washington, que a Coreia do Norte “mais uma vez mostrou seu desprezo total por seus vizinhos e pela comunidade mundial inteira”.
O mais recente míssil norte-coreano sobrevoou Hokkaido, no norte japonês, e caiu no Pacífico cerca de dois mil quilômetros a leste, disse o governo japonês.
O projétil viajou aproximadamente 3.700 quilômetros, de acordo com os militares da Coreia do Sul – longe o suficiente para atingir o território norte-americano de Guam, no Pacífico, que Pyongyang já ameaçou.
"O alcance deste teste foi significativo, já que a Coreia do Norte demonstrou que pode alcançar Guam com este míssil", disse a União de Cientistas Interessados em um comunicado.
Mas a nota também informa que a precisão do míssil, ainda em fase inicial de desenvolvimento, é baixa.