Por Stephanie Nebehay
GENEBRA (Reuters) - Crimes contra a humanidade foram cometidos no México "em nome da segurança", disse o ator Gael García Bernal ao Conselho de Direitos Humanos nesta quarta-feira.
Ativistas e investigadores da ONU acusaram forças de segurança mexicanas de crimes como execuções, torturas e desaparecimentos desde que os militares foram enviados para enfrentar os poderosos cartéis do narcotráfico em 2007.
Mais de 100 mil pessoas morreram em episódios de violência ligados às drogas na década transcorrida desde então, incluindo 25 mil assassinatos no ano passado. Dezenas de milhares de pessoas desapareceram, muitas sequestradas por forças de segurança, afirmam ativistas.
"Os números estão crescendo; o sofrimento das famílias também está crescendo", disse García Bernal em um discurso ao fórum de Genebra – o México é um de seus 47 países-membros.
"Em resultado da guerra ao narcotráfico, as violações de direitos humanos mais graves foram cometidas, incluindo crimes contra a humanidade em nome da segurança", disse.
A comunidade internacional não pode permitir que a situação continue assim no país, onde "a liberdade de expressão está sendo limitada e jornalistas e defensores dos direitos humanos continuam sendo assassinados", acrescentou.
A delegação mexicana estava na lista de oradores da sessão desta quarta-feira, mas desistiu, informaram autoridades da ONU.
O governo do México diz estar comprometido em investigar e punir casos de abusos de direitos humanos e nega um envolvimento do alto escalão em alguns dos casos mais chocantes, como o dos 43 estudantes que desapareceram em 2014, mas as investigações vêm se arrastando há anos sem conclusão.