GOMA (Reuters) - A situação humanitária na República Democrática do Congo está piorando a cada dia, disse o principal representante da União Europeia neste domingo, enquanto o governo congolês evita uma conferência sobre ajuda internacional.
Múltiplas crises estão se intensificando no Congo - na região central de Kasai e nas províncias orientais de Kivu e Ituri - agravadas pela recusa do presidente Joseph Kabila de deixar o cargo ao final de seu mandato, em 2016.
Mais de 13 milhões de congoleses precisam de ajuda humanitária, duas vezes mais que no ano passado, e 7,7 milhões enfrentam insegurança alimentar grave, 30 por cento a mais que no ano passado, disse a ONU em um relatório no início deste mês.
O relatório aponta que a crise está no Nível 3, a emergência de nível mais alto, segundo a entidade global.
"Todos nós acreditamos que a situação humanitária está piorando a cada dia. Não há normalidade", disse Christos Stylianides, Comissário Europeu para Ajuda Humanitária e Gerenciamento de Crise. Ele falou à Reuters durante uma viagem ao leste do Congo.
A preocupação com a deterioração da situação no Congo, um país com uma longa história de guerra e crises humanitárias, levou as Nações Unidas, a União Europeia e os países doadores a organizar uma conferência em Genebra no próximo mês.
As autoridades ocidentais estão buscando levantar 1,7 bilhão de dólares, quase quatro vezes o valor garantido no ano passado, para apoiar atividades humanitárias no Congo.
Mas o Congo rechaçou nesta semana a avaliação da gravidade da crise, que, segundo as autoridades, desestimularia o investimento em um momento em que o governo tenta estabilizar a economia volátil.
"Ativar o mais alto nível de emergência humanitária com base em fatos que não são reais constitui um obstáculo para o desenvolvimento", disse o governo em um comunicado na quinta-feira.
O comunicado acrescentou que, a menos que as estatísticas humanitárias fossem alinhadas com os dados do próprio governo, não seriam enviados representantes para a conferência em Genebra.
Stylianides, que visitava a duramente atingida província de Kivu, no Congo, no domingo, deve viajar para a capital Kinshasa no final do dia para tentar convencer os ministros de Relações Exteriores e Assuntos Humanitários a reverter a decisão.
"Vamos tentar persuadi-los de que isso não é bom para a RDC, mas, acima de tudo, para as pessoas vulneráveis na RDC", disse ele.