Por Lucila Sigal
BUENOS AIRES (Reuters) - O lançamento de um livro em Buenos Aires será o evento mais badalado da Argentina nesta semana.
A ex-presidente Cristina Kirchner lançará um livro de memórias na noite desta quinta-feira, acontecimento que deve atrair milhares e está fomentando a especulação de que ela pode anunciar planos para concorrer nas eleições nacionais deste ano.
Muitos acreditam que Cristina, líder de esquerda que comandou a Argentina de 2007 a 2015, desafiará o presidente de centro-direita Mauricio Macri, e ela está crescendo nas pesquisas agora que uma crise econômica abala o governo.
A Argentina enfrenta uma inflação persistente e a desvalorização do peso, problemas que derrubaram o índice de aprovação de Macri nas pesquisas de opinião e alimentaram os rumores de que Cristina pode ter sucesso em sua volta.
O livro, uma coletânea de histórias pessoas de 600 páginas que está vendendo rápido no país latino-americano, ataca seus rivais políticos autodenominados "peronistas militantes" e se refere ao arqui-inimigo Macri como o "caos".
Cristina ainda não anunciou planos para concorrer em outubro próximo oficialmente, mas tem mais de um mês até a data limite de 22 de junho para se pronunciar formalmente -- e pode muito bem passar ao largo do tema nesta quinta-feira.
Em fevereiro, a Reuters noticiou que Cristina pretende enfrentar Macri, mas ela enfrenta resistências, inclusive na diversificada oposição peronista da qual é uma figura de ponta.
A incerteza sobre os planos de candidatura de Cristina abalou os mercados locais. Investidores estrangeiros desconfiam da ex-presidente populista, que durante seu governo aumento as taxas de importação, elevou os subsídios e adotou controles monetários.
Suas memórias serão lançadas na Feira Internacional do Livro de Buenos Aires sob um esquema forte de segurança, e telões de TV transmitirão o evento dentro e fora do local.
O lançamento ocorre semanas antes de ela ir a julgamento devido a acusações de corrupção, incluindo alegações de que liderou um esquema de corrupção envolvendo políticos e executivos durante seus anos no poder – mas ela tem imunidade de prisão por ser senadora.
Cristina negou várias vezes as acusações.