Por John Irish e Parisa Hafezi
NAÇÕES UNIDAS (Reuters) - O acordo nuclear firmado entre o Irã e potências mundiais em 2015 enfrentará um exame severo na Organização das Nações Unidas (ONU) nesta semana, quando europeus tentarão persuadir o governo cético do presidente norte-americano, Donald Trump, a mantê-lo enquanto Israel se empenha em aumentar a pressão sobre seu rival regional.
Trump, que tem até meados de outubro para tomar uma decisão que pode minar o acordo, repetiu na quinta-feira sua opinião já antiga de que o Irã está violando "o espírito" do pacto, mediante o qual algumas sanções impostas a Teerã foram suspensas em troca da contenção de seu programa nuclear.
O presidente republicano classificou o entendimento, acertado por seu antecessor democrata, Barack Obama, como "o pior acordo já negociado".
A possibilidade de Washington renegar o acordo vem preocupando alguns dos maiores aliados dos Estados Unidos que ajudaram a negociá-lo, especialmente agora que o mundo está às voltas com outra crise nuclear, os programas nuclear e de mísseis balísticos da Coreia do Norte.
"Todos nós compartilhamos os temores dos EUA sobre o papel desestabilizador do Irã na região, mas ao misturar tudo corremos o risco de perder tudo", disse um veterano diplomata europeu que foi parte do processo de negociação de 18 meses que levou ao pacto.
Em outubro Trump precisa decidir se certificará ou não que o Irã está cumprindo o acordo, conhecido como Plano de Ação Conjunto Abrangente (JCPOA, na sigla em inglês). Se não o fizer, o Congresso tem 60 dias para decidir se reaplica sanções descartadas em respeito ao acordo.
No domingo o Líder Supremo iraniano, aiatolá Ali Khamenei, alertou que seu país reagirá fortemente a qualquer "manobra errada" de Washington a respeito do acordo nuclear.
Nesta segunda-feira Trump se reúne com o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, na Assembleia Geral da ONU, e depois com o presidente francês, Emmanuel Macron --que, assim como o norte-americano, fará seu primeiro discurso no encontro anual de líderes globais.
"Nossa posição é direta. Este é um acordo ruim. Ou o consertam ou o cancelam. Esta é a posição de Israel", disse Netanyahu na Argentina na terça-feira passada, quando excursionava pela América Latina.
Autoridades israelenses disseram que ele também externará preocupações com o que seu país descreve como uma presença militar iraniana crescente na Síria e seu papel no pós-guerra civil na nação vizinha.
(Reportagem adicional de Jeffrey Heller, em Jerusalém)