Por Marc Frank e Nelson Acosta
HAVANA (Reuters) - Cuba reabriu suas escolas e suas fronteiras ao turismo internacional nesta segunda-feira, enquanto grupos de oposição pedem que seus apoiadores protestem por mais liberdades políticas, estabelecendo um tenso confronto entre o governo e seus críticos na ilha caribenha.
Dissidentes convocam há meses nas redes sociais a "Marcha Cívica pela Mudança" seguindo protestos de rua em julho, os maiores na ilha em décadas.
O governo comunista de Cuba proibiu na segunda-feira as manifestações planejadas, dizendo que elas são parte de uma campanha de desestabilização promovida pelos Estados Unidos, país que mantém um embargo desde a época da Guerra Fria contra Cuba. As autoridades norte-americanas negam o fato.
Moradores de toda a ilha não reportaram grandes manifestações até o meio-dia no horário local, mas dissidentes continuaram os chamados nas redes sociais para iniciar os protestos às 15 horas no horário local em 10 cidades cubanas, desde a capital Havana até Pinar del Rio e Guantanamo.
Em Havana havia um aumento notável de policiais uniformizados e à paisana nas ruas, embora elas parecessem mais quietas do que o normal. Alguns pais mantiveram seus filhos em casa.
"Eu decidi manter meu filho de 6 anos em casa em seu primeiro dia de aula, porque eu fiquei preocupada de que algo possa acontecer", disse a funcionária pública Jennifer Puyol Vendesia.
As manifestações planejadas no domingo em um grupo do Facebook chamado Archipielago, que liderou a convocação de protestos, não vingaram.
Apoiadores do governo cercaram no domingo a casa em Havana de Yunior Garcia, um dramaturgo e líder do Archipielago. O ato impediu que ele saísse marchando sozinho, como havia sido planejado, para conseguir apoio por outros protestos pacíficos.
Nem Garcia nem sua mulher atenderam seus telefones na segunda-feira. A vizinhança de Garcia estava quieta, e seu prédio ainda estava forrado de bandeiras cubanas que os apoiadores do governo haviam pendurado dos telhados no dia anterior, de acordo com uma testemunha da Reuters.
Garcia e outros haviam pedidos que os cubanos batessem palmas em apoio ao movimento na tarde de domingo, e para que batessem panelas durante a noite, mas os moradores de Havana e de várias cidades provincianas disseram que seus bairros continuaram quietos.
Dissidentes estão novamente pedindo que os cubanos batam panelas na noite de segunda-feira às 20 horas.