Por Felix Onuah
ABUJA/NIAMEY (Reuters) - O presidente da Nigéria, Bola Tinubu, disse que as autoridades da África Ocidental devem tentar todas as saídas diplomáticas para garantir um rápido retorno ao regime constitucional no Níger, incluindo o diálogo com os líderes do golpe no país, em discurso no início de uma cúpula de chefes de Estado nesta quinta feira.
Em seu papel como presidente da Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (Cedeao), Tinubu deu início à cúpula na capital nigeriana, Abuja, dizendo que é crucial priorizar a diplomacia como alicerce da abordagem do bloco.
"Devemos envolver todas as partes envolvidas, incluindo os líderes do golpe, em discussões sérias para convencê-los a renunciar ao poder e restabelecer o presidente (Mohamed) Bazoum", disse Tinubu em comentários iniciais aos chefes de Estado reunidos em uma cúpula.
"É nosso dever esgotar todas as vias de engajamento para garantir um rápido retorno à governança constitucional no Níger", disse ele, descrevendo o golpe de 26 de julho como uma ameaça à estabilidade de toda a região da África Ocidental.
Até agora, os líderes golpistas em Niamey deram poucos sinais de que estariam preparados para recuar ou mesmo se envolver em negociações significativas. Eles não cumpriram o prazo de 6 de agosto estabelecido pela Cedeao para restabelecer Bazoum, fechando o espaço aéreo do Níger e prometendo defender o país contra qualquer incursão estrangeira.
Após as declarações de Tinubu, os dirigentes da África Ocidental iniciaram uma sessão privada de discussões, durante a qual se espera que analisem os planos elaborados na semana passada pelos chefes da defesa para uma potencial intervenção armada no Níger, entre outras opções.
Qualquer escalada desestabilizaria ainda mais a região do Sahel, na África Ocidental, uma das mais pobres do mundo, onde uma insurgência islâmica de longa data que se espalhou a partir do Mali tem deslocado milhões na última década e fomentou uma crise de fome.
Até o golpe, o Níger tinha se saído melhor do que seus vizinhos Mali e Burkina Faso em conter a violência. O país também se tornou um aliado ocidental cada vez mais importante para combater insurgentes depois que juntas tomaram o poder nos outros dois países entre 2020 e 2022 e cortaram relações com parceiros tradicionais.
Horas antes da cúpula em Abuja, os líderes do golpe nomearam um novo governo em um movimento aparente para consolidar sua posição e se apresentar como um governo legítimo para o Níger.
Mahamane Roufai Laouali, citado como "secretário-geral do governo", nomeou 21 ministros na televisão estatal durante a noite, sem especificar quaisquer outros planos do governo.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, expressou preocupação com Bazoum e sua família depois que seu partido relatou que eles estavam detidos na residência presidencial sem eletricidade ou água encanada e que passaram dias sem alimentos frescos.