Por Luke Baker
JERUSALÉM (Reuters) - A decisão do Vaticano de reconhecer o Estado Palestino pela primeira vez em um tratado causou uma reação áspera de Israel, mas pode dar ensejo a um debate mais aberto na Europa sobre como proceder a respeito da espinhosa questão palestina.
A Santa Sé se refere à Palestina desde 2012, mas o tratado finalizado na quarta-feira, que cobre as atividades de Igreja Católica em áreas controladas pela Autoridade Palestina, faz um reconhecimento mais formal, que autoridades do Vaticano disseram esperar ser benéfico para os laços israelo-palestinos com o passar do tempo.
Um funcionário do Ministério das Relações Exteriores de Israel descreveu o gesto do Vaticano como uma "decepção" e insinuou que pode levar a represálias, embora não tenha dito de que tipo. "Isto não estimula o processo de paz e o retorno dos palestinos às negociações", afirmou. "Israel irá estudar o tratado e analisar seus próximos passos de acordo com ele."
O Vaticano, cada vez mais atuante na política externa sob o comando do papa Francisco, está longe de ser o único Estado a ter reconhecido a Palestina – 135 membros da Organização das Nações Unidas (ONU) já o fizeram, quase 70 por cento do total. Em comparação, 160 dos 193 membros da ONU reconhecem Israel.
Em outubro passado, a Suécia foi o primeiro grande país europeu a endossar a Palestina, uma decisão criticada por Israel e que desde então gerou tensões na relação entre os dois países.
A União Europeia como um todo não reconhece a Palestina, assumindo a mesma postura dos Estados Unidos – a de que um país independente só pode emergir via negociações com Israel, e não através de um processo de reconhecimento unilateral. Mas, como as conversas entre israelenses e palestinos foram interrompidas mais de um ano atrás, e o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, prometeu um dia antes de sua reeleição, em março passado, que não haverá um Estado Palestino em seu mandato, os
diplomatas questionam que alternativas lhes restam.
(Reportagem adicional de Robin Emmott em Bruxelas e James Mackenzie em Milão)