Por Michael Martina e John Whitesides
(Reuters) - Quintez Brown foi às ruas de Kentucky para se juntar a muitos norte-americanos que protestavam contra a injustiça racial após a morte de George Floyd, um homem negro sob custódia da polícia de Mineápolis no mês passado.
O estudante de 19 anos da Universidade de Louisville, que também é negro, enviou mensagens de texto a eleitores em apoio a Charles Booker, parlamentar estadual democrata negro que concorre ao Senado dos Estados Unidos.
"Os protestos mostraram a importância de ter alguém em um cargo político que realmente pode falar por nós e mudar algo", disse Brown, acrescentando que é a primeira vez que trabalha em uma campanha política.
A revolta ocorrida desde que Floyd morreu sufocado por um policial branco que se ajoelhou sobre seu pescoço no dia 25 de maio ajudou a fortalecer uma onda de energia política, o que gerou novos registros eleitorais, um comparecimento recorde nas primárias de Geórgia e Kentucky e uma série de vitórias de uma geração de candidatos de cor mais jovens.
Os democratas esperam que o entusiasmo se mantenha até a eleição geral de 3 de novembro, quando o ex-vice-presidente Joe Biden desafiará o presidente republicano Donald Trump em uma disputa que pode depender da participação de pessoas jovens e de cor.
Biden, cuja campanha debilitada foi salva por uma maioria de eleitores negros mais velhos na primária da Carolina do Sul em fevereiro, quer o apoio enfático desses grupos contra Trump. Ele será crucial em Estados indefinidos como Michigan, Pensilvânia e Wisconsin, particularmente depois que a primeira queda no comparecimento de eleitores negros em 20 anos contribuiu para a derrota da democrata Hillary Clinton para Trump em 2016.
Biden também espera provocar um comparecimento maior do eleitorado jovem, que muitas vezes participa menos do que outras faixas etárias. Em 2016, só 46% dos eleitores entre 18 e 29 anos foram votar, muito menos do que os 71% de pessoas de 65 anos ou mais. Esta cifra também foi um recuo em relação à votação histórica de 2008, quando 51% dos jovens foram às urnas.
"Não há nenhuma parte do eleitorado democrata que não esteja ativada agora. E essa energia transbordará na eleição geral", disse Matt Erwin, estrategista democrata do Kentucky.
Alguns grupos que trabalham para registrar eleitores viram sinais desta energia. O Voto Latino, que procura aumentar o comparecimento de jovens hispânicos, disse ter registrado 94.513 pessoas em junho. Em maio haviam sido 10.548. Cerca de 78% foi de pessoas entre 18 e 34 anos.
Os democratas ficaram animados com o comparecimento nas eleição de 9 de junho na Geórgia, onde o partido quebrou um recorde de primárias estabelecido em 2008, apesar de uma série de problemas com urnas eletrônicas, poucas seções eleitorais e filas longas.