Por Bo Erickson
WASHINGTON (Reuters) - Candidatos democratas ao Parlamento dos Estados Unidos mudaram seus discursos sobre imigração nas últimas semanas da campanha eleitoral de 2024, prometendo maior atuação para aumentar a segurança nas fronteiras, em um momento no qual tentam ganhar terreno em um tema que geralmente favorece os republicanos. Nas últimas sete semana, o assunto tem sido abordado de forma muito mais intensa na propaganda eleitoral da TV. Nesse período quase 15% das mensagens pró-democratas tocaram no assunto da imigração e da segurança das fronteiras, muito acima dos 3% registrados nas últimas semanas da campanha de 2022, segundo dados publicados nesta quinta-feira pelo Wesleyan Media Project, um consórcio universitário que analisa anúncios políticos veiculados na televisão. Uma pesquisa Reuters/Ipsos mostrou nesta semana que 65% dos eleitores registrados acreditam que os EUA estão no caminho errado quanto à política imigratória, com os eleitores preferindo a postura linha-dura do republicano Donald Trump do que a abordagem de sua rival democrata, Kamala Harris, com uma vantagem de 48% a 35% no tema. A retórica dos democratas agora se concentra na segurança das fronteiras, em vez de focar nos caminhos para obter a cidadania, como no passado. Os republicanos jogam a responsabilidade pelo aumento da imigração ilegal na conta dos democratas. O deputado Tom Suozzi — democrata que fez uma bem-sucedida campanha sobre a imigração em sua eleição especial de fevereiro para a vaga deixada em Nova York pela renúncia de George Santos — afirmou que abordar a questão de frente é fundamental para os candidatos democratas. "Falarei com qualquer um que quiser ouvir sobre a necessidade de abraçarmos a questão da segurança das fronteiras", disse Suozzi em uma entrevista. Segundo ele, candidatos eficazes precisam falar sobre "o que preocupa as pessoas". Ainda assim, a quantidade de propaganda democrata sobre imigração fica bem atrás daquela feita por candidatos republicanos para a Câmara dos Deputados e o Senado dos EUA. O tema congrega cerca de 41% do volume geral de anúncios republicanos em todo o país, apontam os dados. Segundo o professor Mike Franz, da Bowdoin College, co-diretor do projeto, o crescimento reflete a nacionalização das disputas do Congresso. "Embora a imigração possa não parecer tão importante e diretamente relevante para a vida de alguns eleitores nesses distritos eleitorais, a questão está repercutindo porque o tema se vinculou às marcas de ambos os partidos", disse Franz. Em dezembro do ano passado, cerca de 250 mil pessoas foram apreendidas pelas autoridades fronteiriças norte-americanas. O número caiu para praticamente 54 mil em setembro, após o governo do presidente Joe Biden endurecer as medidas para concessão de asilo, em junho. As campanhas democratas agora apoiam o destacamento de mais agentes de fronteira, reforço na busca por drogas e até a construção de mais muros fronteiriços. Elas também culpam Trump por derrubar um projeto de lei bipartidário negociado no Senado neste ano. (Reportagem de Bo Erickson)