Por Karolina Tagaris
ATENAS (Reuters) - O ministro da Justiça da Grécia, Nikos Paraskevopoulos, disse nesta quarta-feira estar pronto para implementar um veredicto do Supremo Tribunal que permite a Atenas tomar propriedades da Alemanha para compensar vítimas de um massacre nazista em um pequeno vilarejo grego.
Os comentários de Nikos Paraskevopoulos surgem em meio ao aumento nas tensões entre Atenas e Berlim, já que o novo governo esquerdista da Grécia luta para persuadir seus parceiros na União Europeia a renegociar o pacote de resgate financeiro de 240 bilhões de euros.
Na terça-feira, o primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, acusou sucessivos governos alemães de usarem estratagemas legais para evitar pagar reparações pela ocupação nazista brutal da Grécia, e disse que irá apoiar os esforços para exigir compensações.
Falando ao canal Mega TV, Paraskevopoulos afirmou que uma decisão do Supremo Tribunal do ano 2000, que liberou o confisco de propriedades alemãs como compensação aos parentes de cerca de 218 gregos mortos no vilarejo de Distomo, ainda é válida.
O veredicto precisa ser endossado pelo ministro da Justiça para ser posto em prática, o que os antecessores de Paraskevopoulos se abstiveram de fazer, sabendo que a medida levaria a um confronto com Berlim.
"Estou pronto para assinar (a decisão)", afirmou o titular da pasta. "O primeiro-ministro está ciente das opiniões que tenho sobre o tema".
Instado a dizer quando isso aconteceria, ele respondeu: "Quando o momento político estiver maduro".
No mês passado, a Alemanha afirmou que a questão dos danos da guerra foi solucionado nas conversas entre as potências mundiais que levaram à reunificação alemã nos anos 1990. Berlim rejeita a postura do novo governo grego, que vê como uma distração dos sérios desafios econômicos da Grécia.
"Temos a crença firme de que as questões sobre reparações e compensações foram resolvidas legal e politicamente", disse Steffen Seibert, porta-voz da chanceler alemã, Angela Merkel, nesta quarta-feira.
A campanha grega em relação aos estragos causados pela guerra, defendida durante décadas por governos e cidadãos, ganhou ímpeto devido às dolorosas medidas de austeridade impostas pela zona do euro desde 2010 como contrapartida pela ajuda financeira internacional.
Diante do pouco progresso aparente nas tratativas sobre a dívida grega, os ministros do país têm verbalizado cada vez mais suas críticas à Alemanha, revoltando muitos alemães já descontentes por terem tido que fornecer bilhões de euros do pacote de resgate original.
No mês passado, Merkel evitou por pouco uma grande rebelião do Parlamento em reação ao pedido grego de uma prorrogação do resgate, o que indica que pode ser difícil para a chanceler obter o apoio necessário para quaisquer fundos adicionais.