SANTIAGO (Reuters) - Documentos dos Estados Unidos que deixaram recentemente de ser secretos fornecem evidências "conclusivas" de que o ditador chileno Augusto Pinochet ordenou a morte de um de seus principais opositores nas ruas de Washington em 1976, disse um dos filhos da vítima nesta quinta-feira.
Orlando Letelier foi assassinado junto com seu colega de trabalho norte-americano Ronni Moffitt, de 25 anos, por um carro-bomba no centro da capital norte-americana em 1976.
Agentes da Dina, a temida polícia secreta da era Pinochet, foram depois condenados pelo crime, que chocou os norte-americanos e intensificou a oposição ao regime militar no Chile.
Um dos condenados, o ex-diretor da Dina general Manuel Contreras, disse depois que suas ordens vieram do próprio Pinochet. Mas o ditador, que morreu em 2006 aos 91 anos, nunca enfrentou um julgamento completo por nenhum dos crimes cometidos e violações dos direitos humanos em seu governo (1973–1990).
Contreras morreu em 8 de agosto, após cumprir vários anos de sua condenação a 505 anos de prisão por crimes ligados a violações dos direitos humanos sob o governo militar.
Juan Pablo Letelier, senador chileno e filho de Orlando Letelier, disse que entre os documentos liberados estava um relatório da CIA destacando a alegada responsabilidade de Pinochet pela morte de seu pai.
O relatório foi aparentemente enviado a George Shultz quando era secretário de Estado dos EUA, disse Letelier. Shultz ficou à frente do Departamento de Estado norte-americano entre 1982 e 1989.
"Há um documento do secretário de Estado à época que contém um relatório da CIA com evidências conclusivas e convincentes de que Pinochet foi um dos que deram a ordem a Manuel Contreras para que executasse o ato de terrorismo no qual Orlando Letelier e Ronni Moffitt morreram", disse Letelier aos jornalistas.