Por Michelle Nichols
NAÇÕES UNIDAS (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tomou posse afrontando a Organização das Nações Unidas (ONU) e nomeou a política Nikki Haley como embaixadora para colocar em prática sua agenda disruptiva, mas ela também mostrou a Trump como a entidade mundial serve aos seus propósitos, especificamente no tocante à Coreia do Norte.
O fato de o Conselho de Segurança da ONU ter adotado sanções mais rígidas por unanimidade três vezes no ano passado para pressionar Pyongyang a negociar o fim de seu programa de armas nucleares é o exemplo que Haley deu a Trump em um telefonema em junho.
Em uma entrevista à Reuters, Haley contou ter dito a Trump: "Não estaríamos na situação em que estamos com a Coreia do Norte sem a ONU porque essa era a única maneira de envolver a comunidade internacional".
Os EUA e outros países acreditam que as sanções ajudaram a convencer o líder norte-coreano, Kim Jong Un, a se reunir com Trump em uma cúpula histórica em Cingapura em junho.
Haley disse que Trump lhe perguntou o que ela pensava da ONU depois de 17 meses na organização e depois de seu país ter se tornado o primeiro a deixar o Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas. Ela disse que listou uma série de queixas.
"Inacreditavelmente burocrática, desperdiça muito dinheiro, tem alguns preconceitos contra Israel, contra nós às vezes, ignora muito do que está acontecendo que necessita atenção."
O relato de Haley sobre o telefonema ilustra como ela orienta o presidente que rejeita fóruns e pactos internacionais que Washington ajudou a construir durante décadas. Quando Trump assumiu, classificou a ONU como "só um clube para as pessoas se encontrarem, conversar e se divertir".
Alguns diplomatas têm dito ver a ex-governadora da Carolina do Sul como a face moderada da política externa norte-americana. Quando Trump os deixa confusos, alguns deles a procuram para obter uma interpretação.
"Meu trabalho é dar clareza a tudo que o governo está fazendo para que ninguém se pergunte qual é nossa posição. Sempre quis garantir que não existam zonas cinzentas. Que seja preto no branco", disse ela na entrevista feita no mês passado durante uma viagem à Índia, país do qual seus pais emigraram aos EUA.
"Não vejo (meu papel) como o de alguém que defende uma política 'A América Primeiro', vejo como o de alguém que defende a América porque todos os dias sinto como se vestisse uma armadura. Só não sei quem vou enfrentar naquele dia".