BERLIM (Reuters) - O povo da Turquia quer a volta da pena de morte e os que governam o país devem ouvir as pessoas, afirmou o presidente da Turquia, Tayyp Erdogan, apesar de autoridades europeias dizerem que tal medida poderia interromper imediatamente o processo de Ancara para a entrada na União Europeia (UE).
"O que o povo (turco) diz hoje?", indagou Erdogan durante uma entrevista à TV alemã ARD, transmitida nesta segunda-feira.
"Eles querem a pena de morte reintroduzida. E nós como governo devemos ouvir o que o povo diz. Não podemos dizer: 'Não, isso não nos interessa'".
Mais cedo, o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, declarou que se a Turquia retomar a pena de morte – algo que o governo diz que precisa avaliar, quando responde a pedidos de simpatizantes em atos públicos para que os líderes do golpe sejam executados –, isso pararia o processo para a entrada na UE imediatamente.
Também na entrevista, Erdogan prometeu manter as promessas da Turquia em relação ao acordo sobre migrantes com o bloco europeu, mas disse que a UE não estava cumprindo da maneira devida com a sua parte no trato.
O acordo, firmado em março, recompensa o esforço da Turquia para impedir que migrantes cruzem para a Grécia, ao mandar ajuda para os refugiados sírios no país, retomar as negociações para a entrada na UE e acabar com os vistos para os turcos que desejam visitar a Europa.
O acordo não foi ainda finalizado.
"Quero dizer uma coisa de forma bastante clara: Sobre o tema dos refugiados, nós mantivemos nossas promessas", disse Erdogan. "O que nós prometemos vale. Mas uma pergunta para os europeus: Vocês mantiveram as suas promessas?", indagou ele, dizendo que a UE não forneceu à Turquia ajuda suficiente.