Por Gabriela Baczynska e John Irish
BRUXELAS/PARIS (Reuters) - Indignada com a intensificação dos ataques aéreos da Rússia contra rebeldes da Síria, a União Europeia deve ficar agora menos inclinada a amenizar as sanções impostas a Moscou por causa da Ucrânia, disseram diplomatas, e no bloco há quem mencione a perspectiva de mais medidas punitivas contra o Kremlin.
Embora a UE diga que os conflitos na Síria e na Ucrânia precisam ser mantidos separados, a mais recente ofensiva militar de Damasco e a aliada Rússia em Aleppo, cidade dominada pelos rebeldes, deteriora ainda mais os laços já tensionados entre Moscou e o bloco.
Isso enfraquece a atuação de Itália, Hungria e outros que vêm aumentando a pressão continuamente para obter uma suavização das sanções, a retomada dos negócios e o reatamento com Moscou depois de inicialmente punir os russos com medidas punitivas em reação à anexação da Crimeia em março de 2014.
"Está claro que o ataque a Aleppo mudou a mentalidade de alguns. Será impossível apoiar um abrandamento das sanções referentes à Ucrânia no contexto atual", disse um chanceler da UE.
Uma fonte diplomática francesa ecoou essa opinião, dizendo: "A perspectiva de as sanções russas referentes à Ucrânia serem suspensas são praticamente nulas depois de Aleppo".
A França diz que os ataques em Aleppo equivalem a crimes de guerra e quer Síria e Rússia investigadas. Na segunda-feira, autoridades da UE e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) disseram que as sanções sobre a Rússia devidas à situação na Ucrânia deveriam ser mantidas.
"Simplesmente não existe apetite para uma suavização das sanções agora. A Ucrânia é uma coisa, mas o que está acontecendo na Síria não cria nenhum clima para uma melhoria geral nos laços com a Rússia", disse um diplomata em Bruxelas.
Líderes da UE irão debater suas relações com Moscou em Bruxelas nos dias 20 e 21 de outubro. As principais sanções econômicas do bloco à Rússia por causa da Ucrânia em vigor estão previstas para durar até o final de janeiro.
Elas incluem restrições ao acesso russo a financiamentos internacionais, limites na cooperação em defesa e energia com Moscou, uma lista negra de pessoas e entidades e limitações à realização de negócios com a Crimeia anexada.