BERLIM (Reuters) - O sócio-fundador da Mossack Fonseca, escritório de advocacia panamenho atingido por um enorme vazamento de dados financeiros offshore, disse a um jornal alemão que sua empresa ainda não teria sido abordada por qualquer pessoa como parte das investigações.
Ramon Fonseca também disse que a liberação de mais de 11,5 milhões de e-mails da empresa foi resultado invasão de hackers a partir de um computador de outro país e não internamente, e que ele conhecia a origem do ataque, mas não tinha autorização para divulgá-lo. Na terça-feira, ele havia dito à Reuters que a empresa tinha sido vítima de um ataque externo.
"Somos os únicos que apresentaram uma queixa junto às autoridades", disse Fonseca na edição deste sábado do jornal Bild.
“Toda vez que há algo nos jornais, as autoridades anunciam uma nova investigação. Estamos cooperando plenamente, mas ainda não fomos contatados por ninguém”.
O governo do Panamá disse na quarta-feira que uma comissão independente iria rever as práticas financeiras do país após o vazamento de informações que tem constrangido uma série de líderes mundiais e motivou a renúncia do primeiro-ministro da Islândia.
Fonseca, que era um alto funcionário do governo panamenho até março, disse que "milhares de advogados em todo o mundo" estavam fazendo o mesmo trabalho "completamente legal", como a Mossack Fonseca, especializada na criação de empresas offshore.
Além do Panamá, a maioria das empresas offshore está em outras jurisdições incluindo a Grã-Bretanha, os Estados Unidos e as Ilhas Virgens Britânicas, segundo Fonseca.
“Então, por que nós? Vemos isso como a história bíblica de Davi e Golias. Todos têm direito à privacidade. Talvez Deus nos escolheu para lutar por esse direito humano fundamental ou, talvez, eu esteja errado”, acrescentou.
(Por Michelle Martin)