SÃO PAULO (Reuters) - “X-Men Apocalipse” é um exemplo de blockbuster dos novos tempos. Faz parte de uma franquia, fez um plano de marketing viral na internet, cultivando o público na escolha de cada ator e sequência do roteiro, tem um diretor talentoso, um excelente elenco, heróis extraordinários e segue uma concepção visual extravagante com excepcionais efeitos especiais.
Essas qualidades são compartilhadas pelos três últimos grandes lançamentos nos cinemas como “Deadpool” (Tim (SA:TIMP3) Miller) “Capitão América: Guerra Civil” (Joe e Anthony Russo) e “Batman vs. Superman: A Origem da Justiça” (Zack Snyder). Mas apesar de gerarem expectativas similares, pois compartilham as mesmas ferramentas, os resultados são absolutamente distintos. E “X-Men” pode explicar o porquê.
Extraído da fonte com significativas mudanças para se adaptar à versão cinematográfica, roteirizada por Simon Kinberg (de “Dias de um Futuro Esquecido”), a história tem início no Egito (visto em panorâmica) em 3600 A.C., quando En Sabah Nur dominava o planeta. Adorado com um deus, acaba traído enquanto transfere sua consciência para um corpo mais jovem (Oscar Isaac) e é soterrado pela pirâmide que construiu, onde fica hibernando.
Quando a narrativa corre para os anos de 1980, o espectador percebe que o professor Charles Xavier (James McAvoy) reconstruiu sua escola para mutantes ao lado de Fera (Nicholas Hoult), que acolhe os jovens Scott Summers, ou Ciclope (Tye Sheridan), Jean Grey (Sophie Turner) e Noturno (Kodi Smit-McPhee), que não sabem lidar com seus poderes.
Ao mesmo tempo, mostra o que ocorreu com Magneto (Michael Fassbender) e Mística/Raven (Jennifer Lawrence) após os acontecimentos de “X-Men Dias de um Futuro Esquecido”: enquanto ele se isolou na Polônia, ela se tornou heroína e passou a salvar mutantes em perigo.
Mas, En Sabah Nur desperta e, como se crê um deus --não apenas o primeiro mutante da história--, percebe que a humanidade e os próprios pares idolatram falsos deuses. Como divindade absoluta, pretende recriar a Terra à própria imagem, exterminando os fracos.
Como explicará a agente da CIA Moira Mactaggert (Rose Byrne) logo no começo do filme, o vilão se cerca de quatro cavaleiros (o que deu origem à passagem bíblica) para conduzir o seu plano. Serão eles Arcanjo (Ben Hardy), Psylocke (Olivia Munn), Tempestade (Alexandra Shipp) e o próprio Magneto, que está revoltado com a humanidade, graças a um acidente surpresa.
Na medida em que os planos avançam, Apocalipse sequestra o professor Xavier, pois quer se apossar de seus poderes. Sobrará aos seus alunos, em conjunto com Mercúrio (Evan Peters), que se soma aos heróis, deter o fim do mundo, tornando-se verdadeiros X-Men – termo que havia deixado de existir em “Dias de um Futuro Esquecido”.
Com esse roteiro, Bryan Singer fecha a segunda trilogia cinematográfica “X-Men” em uma trama ágil, bem humorada (em que as referências pop da década de 1980 ajudam) e cativante. Porém, é preciso ser um tanto condescendente com o texto, que não trabalha os conflitos dos personagens (e eles são muitos).
Nesse sentido, o conteúdo perde muito espaço para a pirotecnia, para a fotografia de Newton Thomas Sigel (fiel colaborador de Singer) e o desenho de produção de Grant Major (da trilogia “Senhor dos Anéis”). O que ocorreu em “Batman vs. Superman”, por exemplo.
A narrativa corre para contar a história de todos, apesar das duas horas e meia de projeção, em vez de se centrar no problema. Foi uma escolha de Singer e dos produtores, com o objetivo de plantar as sementes da nova geração de mutantes que herdará os futuros filmes da franquia.
(Por Rodrigo Zavala, do Cineweb)
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