SÃO PAULO (Reuters) - O escritor e agora produtor Nicholas Sparks é uma espécie de marca – tal qual Stephen King (para o terror/fantasia), John Grisham (para os dramas de tribunal) e Michael Crichton (para ficção científica). Qualquer pessoa que for ver uma adaptação de cada um desses autores sabe muito bem o que esperar – e eles não costumam decepcionar os fãs. Em outras palavras: dificilmente abandonam a fórmula que os consagrou. Não é diferente em “A Escolha”, filme inspirado no romance homônimo de Sparks.
Como de costume, o longa é repleto de gente jovem, bonita e rica, que sofre por amor. Seus únicos problemas na vida se resumem a isso. Ninguém precisa se preocupar com nada a não ser encontrar a cara-metade e com ela se casar. São, também, sempre caucasianos e heterossexuais, e pessoas de bom coração que nem têm coragem de dizer um palavrão.
Assim são Travis (Benjamin Walker) e sua nova vizinha, Gabby (Teresa Palmer), que começam uma briga assim que se conhecem – ela acusa o cachorro dele de ter engravidado a sua cachorra. Mas logo o conflito se transforma numa paixão avassaladora.
A primeira parte do filme acompanha as idas e vindas do casal. Ele é meio mulherengo – mas não muito, afinal os personagens de Spark não são cafajestes. Ela tem um noivo (Tom Welling), que, quando sai da cidade para a inauguração de um novo hospital da família, deixa as portas abertas para Travis e Gabby. Os dois vivem um idílio livre de amarras ou culpas.
E também como é comum nas histórias criadas por Sparks, há uma pré-resolução no meio do caminho, para mais tarde vir um complicação – geralmente forçada para arrancar lágrimas do público. Em “A Escolha” não é diferente. O jovem, belo e rico casal passa por alguns tormentos que colocam seu amor à prova.
Este é o primeiro longa que o escritor assina como produtor – talvez estivesse cansado de ver produtores faturando alto com adaptações de seus livros e finalmente criou uma empresa para ficar com os lucros.
A direção de Ross Katz – mais conhecido por produzir filmes como “Encontros e Desencontros”- é anódina, mas também é de se perguntar: que tipo de trabalho pode um diretor realizar com um material desses? É possível algo que se destaque do banal que pauta essas adaptações? Aparentemente, não. Nem o cenário bonito e bucólico da Carolina do Norte é suficiente para disfarçar os diálogos ruins, as atuações robóticas e a trama açucarada.
(Alysson Oliveira, do Cineweb)
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