Por Phil Stewart e Hyonhee Shin
ROMA/SEUL (Reuters) - Os Estados Unidos disseram pela primeira vez, nesta quarta-feira, que viram evidências de tropas norte-coreanas na Rússia, e parlamentares sul-coreanos afirmaram que cerca de 3.000 soldados foram enviados para apoiar a guerra do Kremlin na Ucrânia, com mais a seguir.
O secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, falando em Roma, disse que seria "muito, muito sério" se os norte-coreanos estivessem se preparando para lutar ao lado da Rússia na Ucrânia, como Kiev alegou, embora ele tenha dito que ainda não se sabe o que eles estariam fazendo lá.
"Há evidências de que há tropas da RPDC na Rússia", declarou Austin aos repórteres, usando o nome formal da Coreia do Norte, República Popular Democrática da Coreia.
De acordo com uma autoridade norte-americana, os Estados Unidos avaliam que pelo menos 3.000 soldados norte-coreanos estão passando por treinamento em bases militares no leste da Rússia.
Em Seul, parlamentares sul-coreanos disseram mais cedo que a Coreia do Norte enviou 3.000 soldados para a Rússia e que milhares de outros devem seguir para lá.
Pyongyang prometeu fornecer um total de cerca de 10.000 soldados, cujo envio deveria ser concluído em dezembro, disseram os parlamentares a repórteres após serem informados pela agência nacional de inteligência da Coreia do Sul.
O número de 3.000 é o dobro de uma estimativa anterior do número de tropas já na Rússia.
"Sinais de tropas sendo treinadas dentro da Coreia do Norte foram detectados em setembro e outubro", disse Park Sun-won, membro de um comitê de inteligência parlamentar, após a reunião.
"Parece que as tropas agora foram dispersas em várias instalações de treinamento na Rússia e estão se adaptando ao ambiente local."
O conflito na Ucrânia eclodiu quando a Rússia invadiu sua vizinha em fevereiro de 2022 e, desde então, se transformou em uma guerra de desgaste travada em grande parte ao longo das linhas de frente no leste da Ucrânia, com um grande número de baixas em ambos os lados.
Austin disse que o suposto destacamento norte-coreano poderia ser mais uma evidência de que os militares russos estavam tendo problemas com mão de obra.
O Kremlin já havia descartado as alegações de Seul sobre o destacamento de tropas do Norte como "notícias falsas", enquanto um representante norte-coreano nas Nações Unidas em Nova York chamou isso de "rumores infundados" em uma reunião na segunda-feira.
Moscou e Pyongyang também negaram a transferência de armas, mas se comprometeram a aumentar os laços militares e assinaram um tratado de defesa mútua em uma cúpula em junho.
Os números mais recentes foram divulgados depois que o Serviço Nacional de Inteligência de Seul disse na sexta-feira que a Coreia do Norte havia enviado cerca de 1.500 membros das forças especiais para a Rússia por navio.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, também acusou Pyongyang de estar se preparando para enviar 10.000 soldados para a Rússia. Na terça-feira, ele pediu a seus aliados que respondessem às evidências do envolvimento norte-coreano na guerra da Rússia.