Por Simon Lewis
TEL AVIV (Reuters) - Israel precisa fazer “escolhas difíceis” se quiser normalizar relações com mais vizinhos e deveria apoiar líderes palestinos que estejam dispostos a conviver lado a lado com os israelenses, afirmou nesta terça-feira o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, em Tel Aviv.
Blinken visitou vizinhos árabes de Israel nos últimos dias para discutir planos para a futura administração de Gaza e a integração no Oriente Médio. Ele agora está em Israel para reuniões com o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e seu gabinete de guerra, formado após os ataques de 7 de outubro dos militantes palestinos do Hamas que, segundo Israel, mataram 1.200 pessoas.
Em resposta, Israel lançou campanhas pelo ar e pela terra na Faixa de Gaza que mataram mais de 23.000 palestinos, segundo o Ministério da Saúde de Gaza.
Blinken afirmou na segunda-feira na Arábia Saudita que os países da região querem integração com Israel -- um grande objetivo de Netanyahu, que deseja melhorar laços econômicos ao redor do Oriente Médio. Mas essa normalização de relações exigiria um “caminho prático” para o futuro Estado palestino, disse Blinken.
Na entrevista coletiva desta terça-feira em Tel Aviv, Blinken se recusou a informar como Netanyahu e seu gabinete responderam ao apelo por um Estado palestino, mas disse que Israel teria que tomar “decisões difíceis, escolhas difíceis” para aproveitar a oportunidade oferecida pela integração regional.
Quatro Estados árabes formalizaram laços com Israel em pactos conhecidos como Acordos de Abraão: Emirados Árabes Unidos, Bahrein, Sudão e Marrocos. Negociações dos EUA buscando um acordo para normalizar relações entre Israel e Arábia Saudita foram paralisadas quando o conflito em Gaza eclodiu.
Blinken afirmou que Israel precisa apoiar líderes palestinos “que estejam dispostos a liderar seu povo vivendo lado a lado em paz com Israel”, em uma aparente referência à Autoridade Palestina, que exercita uma autodeterminação limitada em algumas regiões da ocupada Cisjordânia.
“E Israel precisa parar de tomar medidas para minar a habilidade dos palestinos de se governarem de maneira eficaz”, acrescentou Blinken, criticando a impunidade à violência cometida por colonos judeus extremistas na Cisjordânia, além da expansão de assentamentos, demolições e despejos.
Blinken afirmou que uma Autoridade Palestina revitalizada deveria assumir o comando de Gaza no fim das contas se e quando Israel atingir o objetivo de eliminar o Hamas, que governa o enclave desde 2007.
“A Autoridade Palestina também tem a responsabilidade de se reformar, de melhorar sua governança”, disse Blinken, acrescentando que tocaria nessas questões com o presidente da Autoridade Palestina quando os dois se reunirem em Ramallah, na quarta-feira.
Além de tentar conter tensões regionais que aumentaram desde o começo da guerra, o principal diplomata dos EUA está discutindo planos para o futuro governo de Gaza, que podem envolver os bairros de Israel majoritariamente muçulmanos.
Quando se reuniu pessoalmente com Netanyahu e seu gabinete de guerra, Blinken também cobrou que líderes de Israel evitem danos contra civis e protejam a infraestrutura civil na guerra em Gaza.
(Reportagem de Simon Lewis; reportagem adicional de Dan Williams e David Brunnstrom)