Por Michael Holden e Roberta Rampton
LONDRES/WASHINGTON (Reuters) - Os Estados Unidos anunciaram nesta segunda-feira que expulsarão 60 diplomatas da Rússia, unindo-se a governos de toda a Europa na adoção de ações contra o Kremlin em resposta a um ataque com um agente nervoso contra um ex-espião russo no Reino Unido atribuído por potências ocidentais a Moscou.
Trata-se da medida mais rígida adotada pelo presidente dos EUA, Donald Trump, contra a Rússia desde que tomou posse. Trump tem sido criticado pela oposição democrata e por membros de seu próprio Partido Republicano por aparentemente não ser rígido o bastante com a Rússia sobre alegações de interferência russa no sistema eleitoral norte-americano, inclusive na campanha de 2016.
A primeira-ministra britânica, Theresa May, saudando a demonstração de solidariedade dos aliados, disse que 18 países anunciaram planos de expulsar autoridades russas, incluindo 14 países da União Europeia. No total, os anúncios desta segunda-feira afetam mais de 100 diplomatas russos -- a maior expulsão pelo Ocidente de diplomatas russos desde o auge da Guerra Fria.
O secretário de Relações Exteriores britânico, Boris Johnson, escreveu no Twitter que "a reação internacional extraordinária de nossos aliados hoje fica para a história como a maior expulsão coletiva de agentes de inteligência russos de todos os tempos e ajudará a defender nossa segurança comum".
May disse que as medidas coordenadas "demonstram claramente que todos estamos juntos, ombro a ombro, enviando o sinal mais forte possível à Rússia, o de que não pode continuar a desprezar a lei internacional".
O Ministério das Relações Exteriores da Rússia classificou as ações como uma "provocação" e prometeu reagir. O porta-voz do Kremlin disse que a resposta do Ocidente era um "erro", e que o presidente russo, Vladimir Putin, tomará a decisão final sobre a resposta russa.
Moscou nega estar por trás do ataque a Sergei Skripal e sua filha na cidade inglesa de Salisbury. Skripal, de 66 anos, e Yulia Skripal, de 33, foram encontrados inconscientes em um banco público de um shopping em 4 de março e continuam hospitalizados em estado grave.
EXPULSÕES
Entre os funcionários russos expulsos pelos EUA estão 12 agentes de inteligência da missão russa na sede da Organização das Nações Unidas (ONU) em Nova York. Trump também ordenou o fechamento do consulado da Rússia em Seattle.
"Ao governo russo dizemos: quando vocês atacarem nossos amigos, enfrentarão consequência sérias", disse uma autoridade norte-americana a repórteres, falando sob condição de anonimato.
Na semana passada, líderes da União Europeia disseram que os indícios de envolvimento russo no ataque apresentados por May representavam uma justificativa sólida para ações adicionais.
Alemanha e França cumpriram tais ameaças anunciando expulsões, e outros países do bloco seguiram o exemplo, além de Canadá e Ucrânia.
O envenenamento de Skripal, no qual supostamente se usou um agente nervoso de uso militar dos tempos soviéticos chamado Novichok, foi o primeiro caso conhecido de uso ofensivo de uma toxina nervosa na Europa desde a Segunda Guerra Mundial.
O presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, alertou que outras medidas podem ser tomadas nas próximas semanas e meses.
A Rússia disse que reagirá à altura. "A resposta será simétrica. Trabalharemos nisso nos próximos dias e responderemos a cada país por sua vez", disse uma fonte não identificada da chancelaria russa, segundo a agência de notícias RIA.