Por Daren Butler e Dominic Evans
ISTAMBUL (Reuters) - Os Estados Unidos começaram a retirar tropas da fronteira do nordeste da Síria nesta segunda-feira, abrindo caminho para um ataque turco contra forças lideradas pelos curdos aliadas a Washington, uma manobra que o presidente Donald Trump saudou como uma tentativa de acabar com "guerras infinitas".
A grande mudança de diretriz, que torna a Turquia responsável por milhares de prisioneiros jihadistas, foi denunciada como uma "facada nas costas" pelas forças lideradas pelos curdos, que têm sido as parceiras mais hábeis dos EUA no combate ao Estado Islâmico na Síria.
Conhecidas como Forças Democráticas Sírias, elas acusaram Washington de renegar um aliado, alertando que isso terá um "grande impacto negativo" na luta contra os militantes.
Mas Trump disse em vários tuítes que é custoso demais continuar apoiando as forças lideradas pelos curdos que enfrentam o Estado Islâmico, acrescentando que "está na hora de sair destas guerras infinitas ridículas".
"Turquia, Europa, Síria, Irã, Iraque, Rússia e os curdos terão que lidar com a situação agora."
Em um sinal de preocupação humanitária crescente, uma autoridade da Organização das Nações Unidas (ONU) reagiu à decisão dizendo que os civis precisam ser poupados de qualquer operação turca no nordeste, acrescentando que a ONU espera que deslocamentos e atrocidades sejam evitados.
"Estamos torcendo pelo melhor, mas nos preparando para o pior", disse Panos Moumtzis, coordenador humanitário regional da ONU para a crise da Síria, a repórteres em Genebra.
Uma autoridade dos EUA informou que tropas norte-americanas foram retiradas de dois postos de observação em Tel Abyad e Ras al-Ain, na fronteira, e que disse ao comandante das Forças Democráticas Sírias que os Estados Unidos não as defenderão de uma ofensiva turca iminente. Tropas dos EUA em outras partes da Síria continuam em posição.
Inicialmente, a retirada se limitará a um trecho de território próximo da divisa turca onde os dois países vinham atuando para estabelecer uma área especial de segurança, disse uma autoridade dos EUA à Reuters nesta segunda-feira.
O funcionário, que falou à Reuters pedindo anonimato, não disse se essas tropas deixarão o país ou se serão reposicionados na Síria, onde os EUA têm cerca de mil militares.
(Reportagem adicional de Orhan Coskun, Tuvan Gumrukcu e Ece Toksabay em Ancara, Tom Perry em Beirute e Phil Stewart em Washington)