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Exaustos, médicos de Gaza lutam para ajudar vítimas de bombardeio israelense

Publicado 11.01.2024, 15:32
Atualizado 11.01.2024, 15:35
© Reuters. Palestinos feridos em ataques israelenses abrigam-se em macas e no chão do Hospital Shuhada Al-Aqsa em Deir Al-Balah, no centro da Faixa de Gaza
03/01/2024
REUTERS/Mohammed Al-Masri

Por Mohammed al-Masri e Maggie Fick

GAZA/LONDRES (Reuters) - Uma enxurrada de palestinos feridos chegam ao Hospital al-Aqsa em Deir al-Balah, no centro da Faixa de Gaza, enquanto médicos exaustos tentam atender as vítimas dos ataques terrestres e bombardeios de Israel.

O médico Khaled Abu Awaimer disse que o hospital estava ficando sem suprimentos médicos. Segundo ele, muitos dos médicos restantes já haviam sido deslocados e temiam ser atacados novamente e ter que fugir mais uma vez.

"Temos casos sobre os quais não podemos fazer nada. Não temos nada a oferecer, por isso nos sentimos completamente desamparados. Isso é muito triste e ruim, para ser honesto", disse, em vídeo obtido pela Reuters.

O objetivo declarado de Israel em Gaza é erradicar o Hamas, grupo militante que invadiu a fronteira em 7 de outubro, matando mais de 1.200 pessoas, a maioria civis, e fazendo mais de 240 reféns.

O ataque a Gaza já matou mais de 23.400 pessoas no pequeno e populoso enclave administrado pelo Hamas, segundo as autoridades de saúde, e expulsou a maioria das pessoas de suas casas.

O destino dos hospitais da faixa e a situação dos médicos que operam sob bombardeios, com eletricidade e abastecimento de água intermitentes e estoques médicos inadequados, suscitaram receios na ONU de um colapso no sistema de saúde.

Enquanto Abu Awaimer falava, dezenas de pessoas circulavam por uma movimentada área hospitalar, algumas puxando macas enquanto médicos preparavam curativos. Ele disse que os arredores do hospital foram recentemente atingidos e ambulâncias, destruídas.

Na quarta-feira, a Sociedade do Crescente Vermelho Palestino disse que o Exército de Israel teve como alvo uma de suas ambulâncias em Deir al-Balah, matando quatro profissionais de saúde e deixando dois feridos.

O Exército de Israel não comentou o incidente. Anteriormente, acusou o Hamas utilizar estruturas de hospitais e ambulâncias para operar, o que o grupo militante nega.

Em uma cama, um paciente estava deitado com uma máscara de oxigênio no rosto, enquanto sangue se acumulava no chão. Em outro canto, um homem ferido sentava no chão enquanto água rosada e sangrenta escorria de uma sala perto dele.

Muitos dos médicos que trabalhavam em al-Aqsa já tinham fugido de outros hospitais mais a norte, em Gaza, face ao ataque terrestre de Israel. Agora, temem novamente o mesmo cenário, à medida que o bombardeio no centro do enclave empurra as pessoas para o sul.

VÍTIMAS EM MASSA

O médico britânico James Smith, que trabalhou no hospital de al-Aqsa do final de dezembro até ser forçado a se deslocar no fim de semana passado, disse que os pacientes tiveram os ferimentos de conflito mais graves que ele ou colegas médicos estrangeiros já viram.

"Víamos incidentes com vítimas em massa todos os dias", disse.

Centenas de pessoas chegavam todos os dias, a maioria delas fisicamente feridas, mas muitas também em sofrimento agudo, algumas soluçando histericamente e hiperventilando, afirmou Smith.

Médicos e enfermeiras trabalhavam em turnos de 24 horas, tratando pacientes no chão por falta de leitos, não havia espaço para organizar um sistema de triagem e os médicos trabalhavam para salvar um paciente enquanto outro morria no mesmo quarto, disse ele.

Ele descreveu uma menina de 11 ou 12 anos, trazida um dia após uma explosão, com o rosto inteiro e a maior parte da metade superior do corpo pretos de queimaduras, que distorceram totalmente suas feições e contraíram os braços de forma que as mãos apontavam para o teto. A menina não conseguiu sobreviver e ficou sozinha, com exceção dos médicos que tentavam aliviar sua dor, relatou o médico.

Para além do risco de ferimentos provocados pelos bombardeios, a falta de alimentos, de água potável e de eletricidade, além do deslocamento em massa dos moradores de Gaza para cidades de tendas, também têm impactos na saúde.

© Reuters. Palestinos feridos em ataques israelenses abrigam-se em macas e no chão do Hospital Shuhada Al-Aqsa em Deir Al-Balah, no centro da Faixa de Gaza
03/01/2024
REUTERS/Mohammed Al-Masri

Jamila Abo Amsha, mulher que vive com os filhos numa tenda em Rafah após fugir do bombardeio em torno de sua casa no norte de Gaza, disse que não conseguiu lavar a roupa dos filhos nem tomar banho durante 10 dias.

"Toda a população da Faixa de Gaza está morrendo e o mundo está observando", disse ela.

(Reportagem de Mohammed al-Masri, em Gaza, e Maggie Fick, em Londres; Reportagem adicional de Fadi Shana em Gaza)

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