By Brian Homewood
RIO DE JANEIRO (Reuters) - Raymond Whelan, executivo de empresa ligada à Fifa que foi preso por envolvimento em uma investigação sobre a venda irregular de ingressos VIPs para jogos da Copa do Mundo, foi solto nesta terça-feira após passar a noite na 18ª Delegacia de Polícia, no Rio de Janeiro.
De acordo com o delegado Fábio Barucke, Whelan teve a liberdade provisória concedida durante a madrugada desta terça e continua respondendo pelo crime em liberdade. A polícia disse, em comunicado, que Whelan deverá se apresentar para novo interrogatório.
A empresa na qual trabalha, a Match Services, confirmou a liberação do inglês e disse que ele vai colaborar com a polícia no decorrer das investigações.
"A Match acredita plenamente que os fatos vão estabelecer que ele não violou nenhuma lei", disse a empresa em um comunicado, acrescentando que Whelan continuaria com o seu trabalho na Copa do Mundo.
"A Match vai continuar a apoiar plenamente todas as investigações policiais, as quais acreditamos firmemente que vão eximir Ray totalmente."
Whelan foi preso na segunda-feira no hotel Copacabana Palace em decorrência da operação Jules Rimet, que já resultou na detenção outros 11 suspeitos de envolvimento no esquema de venda ilegal de ingressos da Copa. Segundo a polícia, os suspeitos são acusados pelos crimes de lavagem de dinheiro, cambismo e associação criminosa.
RELAÇÃO COM A FIFA
A investigação contribui para manchar ainda mais a reputação da Fifa, que enfrenta outras denúncias sobre propinas relacionadas à escolha do Catar como sede da Copa de 2022.
A Match é a principal fornecedora de pacotes de viagem para o Mundial e pagou 240 milhões de dólares pela exclusividade dos direitos de venda de pacotes corporativos de hospitalidade para as Copas de 2010 e de 2014.
A empresa possui um contrato vigente com a Fifa até a Copa de 2022 no Catar.
"A Fifa continua a cooperar totalmente com as autoridades locais e fornecerá quaisquer detalhes solicitados para auxiliar essa investigação", disse a porta-voz da entidade, Delia Fischer, lendo um comunicado.
"A Fifa quer reiterar, como mencionado em várias ocasiões, que nosso firme posicionamento contra qualquer forma de violação da lei criminal e está apoiando totalmente as autoridades em nossos esforços conjuntos para reprimir qualquer venda de ingressos não autorizada", disse.
"Não podemos comentar além disso sobre esta investigação a respeito da operação Jules Rimet, que é liderada pelas autoridades locais."
Philippe Blatter, sobrinho do presidente da Fifa, Joseph Blatter, é o presidente da Infront, empresa que possui uma participação de 5 por cento na Match Hospitality, um dos dois braços da Match.
De acordo com sua página na Internet, a Match foi designada pela Fifa para fornecer ingressos, acomodação e tecnologia de informação para eventos para a Copa do Mundo.
"A Infront Sports & Media (Infront) ou qualquer um de seus funcionários não estão envolvidos de nenhuma forma com a Match Services, fornecedora de serviços para acomodação, TI e ingressos para a Copa do Mundo da Fifa 2014, e/ou com a Byrom PLC", disse a Infront em comunicado.
"A Infront é uma acionista minoritária da Match Hospitality, detentora dos direitos para o programa oficial de hospitalidade da Copa do Mundo da Fifa 2014. O presidente e CEO da Infront, Philippe Blatter, não detém qualquer cargo na Match Hospitality", disse
"A Infront está apoiando totalmente a Match Hospitality na colaboração com autoridades locais para investigar o caso."
(Com reportagem adicional de Felipe Pontes)