BEIRUTE/AMÃ (Reuters) - O Exército da Síria está se preparando para lançar uma operação "enorme" contra a última cidade de Ghouta Oriental ainda em mãos dos rebeldes, a menos que o grupo insurgente Jaish al-Islam concorde em entregar a área, noticiou um jornal simpático ao governo sírio nesta quarta-feira.
Devastados pelo Exército sírio, que conta com o apoio da Rússia, os rebeldes de outras partes de Ghouta Oriental estão partindo em comboios rumo a áreas controladas por insurgentes no nordeste graças a acordos de retirada que estão restabelecendo o comando do presidente Bashar al-Assad.
A queda de Douma representaria a pior derrota dos rebeldes desde 2016, expulsando-os de seu último grande bastião próximo da capital, e também teria um grande peso simbólico – a cidade foi o principal centro dos protestos de rua que eclodiram nos subúrbios de Damasco contra o governo de Assad e que deram início ao conflito sete anos atrás.
Um grupo de monitoramento da guerra, o Observatório Sírio para os Direitos Humanos, disse que os militares sírios retomaram o bombardeio contra Douma, onde explosões foram ouvidas.
Apoiado por russos e iranianos, o governo obrigou os rebeldes a entregar áreas e recuar a Idlib, onde a Organização das Nações Unidas (ONU) descreveu a situação enfrentada por centenas de milhares de apoiadores da oposição deslocados como "catastrófica".
O Jaish al-Islam diz estar determinado a permanecer em Douma, onde dezenas de milhares de civis estão cercados por forças governamentais. Damasco diz que aniquilará os insurgentes que não concordarem em sair ou viver sob o controle do Estado.
"As forças mobilizadas em Ghouta estão preparando uma operação militar enorme em Douma caso os terroristas do Jaish al-Islam não concordem em entregar a cidade e partir", disse o jornal Al-Watan.
Uma autoridade síria, falando sob condição de anonimato, disse que a situação está em uma fase crítica: "Estes dois dias serão decisivos", afirmou à Reuters, sem dar maiores detalhes.
A área esteve mais tranquila nos últimos dias, já que o Jaish al-Islam negociou o destino de Douma com forças russas. Na terça-feira o grupo rebelde disse que a Rússia ainda não havia respondido à sua proposta, e acusou Damasco e Moscou de tentarem impor uma mudança demográfica forçando os moradores a irem embora.