Por Antoni Slodkowski e Shoon Naing
YANGON (Reuters) - O Exército de Mianmar emitiu um raro pedido de desculpas nesta segunda-feira, reconhecendo que duas fotografias utilizadas em um livro sobre a crise dos muçulmanos rohingyas no país foram "publicadas incorretamente".
Na sexta-feira, a Reuters revelou em reportagem exclusiva que duas das imagens do livro, que tinham como objetivo ilustrar a versão dos militares para os eventos de violência que aconteceram no Estado de Rakhine no ano passado, eram, na verdade, fotos antigas conflitos diferentes, e que uma foi publicada com legenda incorreta.
A publicação equivocada das fotos aconteceu em meio a uma série de medidas do governo contra o que vê como abusos da mídia, incluindo uma reportagem sobre atividades militares em uma zona de guerrilha de minoria étnica e a utilização de um drone na capital do país, Naypyitaw.
Nesta segunda-feira, um tribunal condenou dois repórteres da Reuters a 7 anos de prisão acusados de violarem uma lei de segredos de Estado.
A Reuters descobriu que duas das fotos publicadas no livro militar sobre a crise dos rohingyas foram, na verdade, tiradas originalmente em Bangladesh e na Tanzânia, e que uma terceira foi catalogada equivocadamente como uma imagem que retrata rohingyas entrando em Mianmar vindos de Bangladesh, quando, na verdade, mostra imigrantes deixando a nação.
O jornal oficial das Forças Armadas do país publicou nesta segunda-feira comunicado de seu editora, que produziu o livro "Política de Mianmar e o Tatmadaw: Parte I", pedindo desculpas pelas duas fotos.
"Foi descoberto que duas fotos foram publicadas incorretamente", disse a editora, em referência à foto tirada na Tanzânia e à imagem que mostrava vítimas da guerra de independência de Bangladesh em 1971.
"Pedimos desculpas sinceras aos leitores e aos proprietários das fotos pelos erros", disse.
O comunicado não mencionou a foto identificada equivocadamente como exibindo muçulmanos rohingyas entrando em Mianmar, quando na verdade mostrava membros da minoria étnica deixando o país.
O porta-voz do governo de Mianmar, Zaw Htay, e o porta-voz das Forças Armadas, major-general Tun Tun Nyi, não puderam ser encontrados de imediato para comentar.
O Departamento de Relações Públicas e Guerra Psicológica do Exército de Mianmar publicou o livro em inglês e birmanês em julho.