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Famílias de Gaza usam pulseiras de identificação para evitar enterro em valas comuns

Publicado 25.10.2023, 12:32
© Reuters. Filha de palestino Ali Daba, que dividiu sua família em meio aos ataques israelenses em Gaza, mostra pulseira que será usada para identificar seu corpo caso seja morta em um desses ataques
24/10/2023 REUTERS/Ibraheem Abu Mustafa

Por Nidal al-Mughrabi

GAZA (Reuters) - Com tantos cadáveres, os palestinos em Gaza estão enterrando os mortos não identificados em valas comuns, com um número em vez de um nome, dizem os moradores. Agora, algumas famílias estão usando pulseiras na esperança de encontrar seus entes queridos, caso eles sejam mortos.

A família El-Daba tem tentado reduzir o risco de ser atingida durante o bombardeio israelense mais pesado de todos os tempos em Gaza. Israel lançou os ataques aéreos depois que militantes do Hamas atacaram cidades israelenses em 7 de outubro, em uma ação que matou 1.400 pessoas e fez reféns.

Ali El-Daba, de 40 anos, disse que viu corpos despedaçados pelo bombardeio e que estavam irreconhecíveis.

Ele disse que decidiu dividir sua família para evitar que todos morressem em um único ataque. Sua esposa Lina, de 42 anos, manteve dois de seus filhos e duas filhas na cidade de Gaza, no norte, enquanto ele se mudou para Khan Younis, no sul, com três outros filhos.

El-Daba afirmou que estava se preparando para o pior. Ele comprou pulseiras de cordão azul para os membros de sua família e as amarrou em ambos os pulsos. "Se algo acontecer", disse ele, "dessa forma eu os reconhecerei".

Outras famílias palestinas também estavam comprando ou fazendo pulseiras para seus filhos ou escrevendo seus nomes em seus braços.

Os enterros em massa foram autorizados por clérigos muçulmanos locais. Antes do enterro, os médicos guardam fotos e amostras de sangue dos mortos e lhes dão números.

© Reuters. Filha de palestino Ali Daba, que dividiu sua família em meio aos ataques israelenses em Gaza, mostra pulseira que será usada para identificar seu corpo caso seja morta em um desses ataques
24/10/2023 REUTERS/Ibraheem Abu Mustafa

Os militares israelenses disseram às pessoas para deixarem o norte da Faixa de Gaza, um dos lugares mais densamente povoados do mundo, e irem para o sul, porque é mais seguro. Mas os ataques aéreos tem atingido todo o enclave governado pelo Hamas.

Israel intensificou o bombardeio no sul de Gaza durante a noite, após um dos dias mais mortais para os palestinos desde 7 de outubro. Líderes mundiais têm pedido o fim dos combates para permitir a entrada de ajuda no enclave sitiado, que está ficando sem água, alimentos, combustível e medicamentos.

Um total de 756 palestinos, incluindo 344 crianças, foram mortos nas últimas 24 horas, informou o Ministério da Saúde de Gaza nesta quarta-feira, acrescentando que pelo menos 6.546 palestinos foram mortos pelos bombardeios israelenses desde 7 de outubro, incluindo 2.704 crianças.

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