BOGOTÁ (Reuters) - A guerrilha colombiana Farc anunciou nesta quinta-feira que está pronta para começar a discutir um cessar-fogo bilateral e definitivo com o governo, mas voltou a dizer que a intensificação da ofensiva militar é contraditória e põe em risco a continuidade da trégua unilateral declarada pelos guerrilheiros em dezembro.
A reação das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) aconteceu horas após o presidente do país, Juan Manuel Santos, afirmar que seus negociadores vão começar o mais rápido possível a discussão em Cuba com a guerrilha sobre um cessar-fogo bilateral e definitivo, uma mudança de posição do presidente, que até então vinha descartando essa possibilidade.
"Recebemos com aprovação a declaração do presidente Santos no sentido de enviar seus representantes a Havana para discutir imediatamente o cessar-fogo bilateral e concordar com as Farc a respeito da ativação da subcomissão técnica que abordará aspectos travados do ponto 3, fim do conflito", disseram as Farc em comunicado.
Santos recusava até então a possibilidade de acertar uma trégua bilateral com as Farc sob argumento de que a guerrilha poderia obter vantagem militar e prolongar indefinidamente a negociação.
Segundo o grupo rebelde, "não há coerência entre as palavras que exaltam a trégua e aquelas que ordenam intensificar a guerra".
As atuais negociações em Cuba já resultaram em acordos parciais para dar acesso à terra e à produção a camponeses pobres, facilitar a transformação da guerrilha num partido político e combater o tráfico de drogas.
Ainda falta acordo em temas complicados como a compensação às vítimas, o fim do conflito e a aprovação dos colombianos de futuros tratados numa consulta ou referendo.
O diálogo obteve mais avanços do que todos os esforços anteriores em busca de um acordo de paz para encerrar o conflito que já deixou mais de 200 mil mortos em meio século.
(Reportagem de Luis Jaime Acosta)