Por Nicholas Vinocur
PARIS (Reuters) - A França irá recrutar milhares de policiais, espiões e investigadores adicionais para reforçar a segurança nacional e a inteligência, anunciou o primeiro-ministro, Manuel Valls, nesta quarta-feira, duas semanas depois de 17 pessoas serem mortas por militantes islâmicos.
Alertando que a ameaça continua alta na esteira do atentado islâmico mais mortífero da história em solo francês, Valls disse que irá contratar 2.680 efetivos para os setores da polícia, justiça, inteligência e defesa até 2018 para atividades anti-jihadistas, de vigilância e segurança.
Várias demissões já programadas no Exército serão canceladas, e dezenas de capelães muçulmanos adicionais serão enviados para atuar com militantes em potencial na prisões superlotadas da França.
"A luta contra o terrorismo, o jihadismo e o islamismo radical será um percurso longo", declarou o premiê em uma coletiva de imprensa depois que as medidas foram aprovadas pelo gabinete do presidente francês, François Hollande.
"A primeira exigência é fortalecermos ainda mais os recursos humanos e materiais de nossos serviços de inteligência", afirmou Valls, que após os ataques de 7 e 9 de janeiro reconheceu que pode haver "atalhos" no monitoramento e nos procedimentos judiciais.
A França se esforça para monitorar estimados 1.200 islâmicos radicais e cerca de 200 pessoas que voltaram de combates com grupos militantes na Síria e no Iraque.
Valls declarou que se debaterá uma possível penalidade, mediante a qual os transgressores seriam privados de certos direitos civis, como votar, ocupar cargos públicos ou trabalhar para o Estado.
Apesar de empenhar um total de 425 milhões de euros em gastos extras, Valls disse que a França irá respeitar os compromissos assumidos com seus parceiros na União Europeia a respeito de suas finanças públicas.
Em uma declaração separada, Hollande disse que irá manter 7.500 postos militares que deveriam ser cortados no setor defensivo. O país tinha um total de 278 mil efetivos nas Forças Armadas no final de 2013.
ELOGIO
O grupo islâmico somali Al Shabaab elogiou a Al Qaeda na Península Arábica pelos ataques em Paris uma quinzena atrás, descrevendo-os como "os pioneiros de operações externas que visam o coração dos inimigos Cruzados".
Quatro jovens de 22 a 28 anos estão sendo formalmente investigados pela morte de uma policial e quatro reféns no mercado judeu próximo de Paris que foi alvo do ataque do dia 9 de janeiro, informou um promotor.
Eles são suspeitos de terem comprado armas, como facas e gás lacrimogêneo, encontradas em meio aos pertences do atirador que atacou o local. A investigação também analisa a possibilidade de que alguns cúmplices tenham fugido da França.