Por William James e Guy Faulconbridge
LONDRES (Reuters) - O grupo dos sete países mais ricos do mundo analisará uma proposta para construir um mecanismo de resposta rápida para conter a "propaganda" e a desinformação russas, disse o ministro de Relações Exteriores do Reino Unido, Dominic Raab, à Reuters.
Falando às vésperas de uma reunião de chanceleres do G7 em Londres, realizada de forma presencial pela primeira vez em dois anos, Raab disse que o Reino Unido está "fazendo o G7 entrar em acordo a respeito de um mecanismo rápido de refutação" para conter a desinformação russa.
"Para quando nos depararmos com essas mentiras, propaganda ou notícias falsas sendo divulgadas, possamos (não apenas individualmente) nos unir para fornecer uma refutação, um desmentido e, francamente, mostrar a verdade para o povo deste país, mas também para o povo da Rússia ou da China ou de todo o mundo", disse Raab.
De acordo com autoridades britânicas, norte-americanas e europeias, a Rússia e a China estão tentando semear a desconfiança em todo o Ocidente, seja espalhando desinformação sobre eleições ou disseminando mentiras sobre as vacinas contra a Covid-19.
A Rússia nega que esteja se intrometendo além de suas fronteiras e diz que o Ocidente está dominado por uma histeria anti-russa.
"É hora de pensar por que os países que estão profundamente doentes com a propaganda, e que a usaram mais de uma vez para justificar intervenção armada e derrubada de governos... acusam nosso país de seus próprios pecados", afirmou a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores russo, Maria Zakharova, em redes sociais após os comentários de Raab.
A China diz que o Ocidente é como um valentão e que seus líderes têm uma mentalidade pós-imperial que os fazem sentir que podem agir como policiais globais.
A Grã-Bretanha identificou a Rússia como a maior ameaça à sua segurança, embora veja a China como seu maior desafio de longo prazo, tanto militar e econômica quanto tecnologicamente.
Raab se encontrará com o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, na segunda-feira, dando início a uma semana de encontros diplomáticos com o objetivo de revigorar o papel do G7 e formar uma frente mais ampla contra aqueles que ele vê como agentes solapadores da ordem internacional.
"O escopo para uma cooperação global intensa, cooperação internacional com nossos parceiros americanos e, na verdade, com um G7 mais amplo, nunca foi tão expresivo", disse Raab.
Os membros do G7 são Reino Unido, Estados Unidos, Canadá, França, Alemanha, Itália e Japão e seu produto interno bruto combinado é de cerca de 40 trilhões de dólares - um pouco menos da metade da economia global.
Autoridades britânicas e americanas expressaram preocupação nos últimos meses com a crescente cooperação estratégica entre a Rússia, o maior país do mundo em território, e a China, a economia de crescimento mais rápido no planeta entre as grandes potências.
Questionado sobre essas preocupações, Raab disse: "O que mais importa para nós é que ampliemos essa frente internacional de países que defendem sociedades abertas, direitos humanos e democracia, que defendem o comércio aberto".
Ele disse que muitos desses aliados querem "saber como essa pandemia começou". O surto de coronavírus, iniciado na China no final de 2019, matou 3,2 milhões de pessoas e custou ao mundo trilhões de dólares em perda de produção.