Por Kate Abnett e Thomas Escritt
BRUXELAS (Reuters) - As pesquisas de opinião mostraram que a extrema-direita obteve grandes ganhos na Alemanha e na Áustria nas eleições de domingo para a União Europeia, juntando-se à Holanda, oferecendo os primeiros sinais de que uma esperada mudança para a direita no Parlamento Europeu está acontecendo.
Também se previu que os conservadores mais tradicionais se sairiam bem, com as primeiras estimativas para ambos os grupos alinhadas com uma mudança mais ampla esperada no Parlamento Europeu, que abrange um bloco de 450 milhões de cidadãos.
É provável que o novo Parlamento Europeu seja mais frio em relação às políticas para lidar com as mudanças climáticas e, ao mesmo tempo, esteja ansioso para apoiar medidas para limitar a imigração para a UE.
O Parlamento também pode ser mais fragmentado, o que tornaria lenta a adoção de qualquer medida mais complicada, já que a UE enfrenta desafios, incluindo uma Rússia hostil e o aumento da rivalidade industrial da China e dos Estados Unidos.
As primeiras pesquisas de boca de urna mostraram que os partidos agrupados no Partido Popular Europeu (PPE), de centro-direita, deveriam permanecer como o maior bloco em cinco países, incluindo também a Grécia e o Chipre.
Isso colocaria a candidata do PPE para chefiar a Comissão Europeia, a atual Ursula von der Leyen, da Alemanha, na pole position para um segundo mandato.
A Alternativa para a Alemanha, de extrema direita, ficou em segundo lugar, atrás dos conservadores da oposição, com 16,5% dos votos, ante 11% em 2019, de acordo com uma pesquisa de boca-de-urna publicada pela emissora pública ARD.
Enquanto isso, na Áustria, o Partido da Liberdade, de extrema direita, é o provável vencedor da votação, de acordo com uma pesquisa baseada em levantamentos realizados na semana passada e publicada quando a votação foi encerrada na noite de domingo.
Na Holanda, que votou na quinta-feira, as pesquisas de boca de urna mostraram que o partido anti-imigração do nacionalista Geert Wilders estava destinado a ganhar sete das 29 cadeiras holandesas na assembleia da UE, apenas uma a menos do que as cadeiras combinadas de uma aliança entre Socialistas Democratas e Verdes.
A eleição de domingo também pode significar que tanto o chanceler alemão Olaf Scholz quanto o presidente francês Emmanuel Macron, cujo partido deve ser derrotado pela extrema-direita de Marine Le Pen, sairão enfraquecidos.
GUINADA À DIREITA
A votação começou na quinta-feira na Holanda e em outros países na sexta-feira e no sábado, mas a maior parte dos votos da UE será realizada no domingo, com França, Alemanha, Polônia e Espanha abrindo suas urnas e a Itália realizando um segundo dia de votação.
O Parlamento Europeu vota a legislação que é fundamental para os cidadãos e empresas da UE de 27 países.
"Nem sempre concordo com as decisões que a Europa toma", disse a aposentada Paule Richard, de 89 anos, após votar em Paris. "Mas ainda espero que haja um acerto de contas em todos os países europeus, para que a Europa possa ser um bloco unificado e olhar na mesma direção."
Durante muitos anos, os eleitores de todo o bloco reclamaram que a tomada de decisões da UE é complexa, distante e desconectada da realidade cotidiana, o que explica a baixa participação nas eleições da UE.
Muitos eleitores foram atingidos pelo custo de vida, estão preocupados com a migração e com o custo da transição verde e estão perturbados pelas tensões geopolíticas, incluindo a guerra na Ucrânia.
Os partidos de extrema-direita e de direita se aproveitaram disso e ofereceram ao eleitorado uma alternativa.