Por Luc Cohen e Matt Spetalnick
CARACAS/WASHINGTON (Reuters) - Os grupos políticos rivais da Venezuela levarão na próxima semana a disputa pelo poder a Nova York, onde representantes do presidente Nicolás Maduro e do líder de oposição Juan Guaidó tentarão convencer líderes mundiais reunidos na ONU que seu chefe é o legítimo chefe de Estado do país.
Os Estados Unidos e mais de 50 países, incluindo o Brasil, reconhecem Guaidó, que comanda a Assembleia Nacional de maioria opositora, como o presidente genuíno da Venezuela.
Em janeiro, Guaidó invocou a Constituição para reivindicar uma presidência rival, argumentando que a reeleição do socialista Maduro em maio de 2018 foi uma fraude.
No entanto, a Assembleia Geral da ONU, com 193 membros, ainda reconhece Maduro, que conta com o amparo de Rússia e China, que são membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU com direito a veto -- o que prepara o cenário para os dois lados ventilarem suas queixas públicas enquanto cortejam apoio internacional.
Uma rodada de negociações mediadas pela Noruega nos últimos meses, que visava uma resolução pacífica da crise, fracassou.
Guaidó quer convencer mais países, especialmente a União Europeia, a adotarem sanções contra a Venezuela, como os EUA fizeram.
Maduro, cujo governo enfrenta um colapso da economia antes próspera do país-membro da Opep e acusado pela Alto Comissáriado de Direitos Humanos da ONU de cometer violações, quer aumentar a pressão para que os EUA suspendam as sanções à estatal petroleira PDVSA e a membros de seu círculo íntimo.
Críticos dizem que as decisões de seu governo de libertar um parlamentar oposicionista preso e reformar a Comissão Eleitoral venezuelana, acusada há tempos de ser tendenciosa, pretenderam melhorar a imagem de Maduro para o encontro na ONU.
"Eles querem usar a reunião da ONU para lavar o rosto, porque não estão conseguindo nenhuma solução verdadeira para o povo venezuelano", disse Carlos Valero, parlamentar de oposição do Comitê de Relações Exteriores da Assembleia Nacional, em uma entrevista na quarta-feira.
Maduro qualifica Guaidó como um fantoche dos EUA determinado a tirá-lo por meio de um golpe, e culpa as sanções de Washington pelos problemas econômicos de sua nação.
Ele não comparecerá à reunião, mas encarregou dois ministros de apresentarem uma petição condenando as sanções ao secretário-geral da ONU, António Guterres. Guaidó ainda não decidiu se participará.
(Reportagem adicional de Stephanie Nebehay, em Genebra, e Michelle Nichols, em Nova York)