Por Angeliki Koutantou e Karolina Tagaris
ATENAS (Reuters) - A Grécia vai apresentar seus planos de reforma econômica nesta segunda-feira para garantir o socorro financeiro da zona do euro, mas o governo recebeu críticas de um veterano de esquerda e membro do partido da coalizão, para quem o acordo decepcionou os eleitores.
A Alemanha, maior contribuidora dos dois pacotes de ajuda à Grécia no total de 240 bilhões de euro, afirmou que qualquer gasto adicional na lista de reformas de Atenas tem que ser compensado por economias ou impostos mais altos.
Após uma visita a Bruxelas para obter um pacto condicional de quatro meses, o gabinete do primeiro-ministro, Alexis Tsipras, declarou que pelo menos a lista de reformas será decidida pelos gregos, ao contrário das políticas de austeridade ditadas por credores estrangeiros desde que estes prestaram socorro financeiro a Atenas em 2010.
"A lista incluirá uma série de reformas que o governo grego irá propor – e enfatizo isso", afirmou o porta-voz do governo, Gabriel Sakellaridis. "Acima de tudo, elas serão reformas socialmente justas com a meta de combater a evasão fiscal, combater a corrupção", afirmou ele à rede de televisão Skai.
Dizendo que a lista será enviada a Bruxelas antes do final sesta segunda-feira, Sakellaridis deixou claro que Atenas está ansiosa para evitar quaisquer tropeços de última hora de forma a assegurar o financiamento necessário para manter a Grécia à tona e também evitar uma saída da zona do euro.
"Almejamos que a lista seja aceita pelos parceiros. É por isso que há consultas e discussões com os parceiros, para que haja uma solução mutuamente benéfica", acrescentou.
Tsipras cantou vitória no acordo de sexta-feira passada, que depende de os credores europeus e do Fundo Monetário Internacional (FMI) aceitarem as propostas de reforma da Grécia, embora tenha tido que aceitar uma prorrogação do programa de resgate que havia prometido eliminar.
O premiê recebeu críticas contundentes do veterano esquerdista Manolis Glezos, membro de seu partido, o Syriza, no Parlamento Europeu, que atacou sua incapacidade de cumprir as promessas de campanha do partido e disse que só mudar as palavras antes incendiária do acordo não irá apaziguar a população.
O pacto renomeou os inspetores da desprezada "troika" –Comissão Europeia, Banco Central Europeu e FMI–, que monitoram o cumprimento dos compromissos grego no socorro financeiro, como "as três instituições".
"Renomear a troika como ‘instituições', o resgate como um ‘acordo' e os credores como ‘parceiros'... não muda a situação anterior", escreveu Glezos.
As medidas, que o Eurogrupo de ministros das Finanças da zona do euro irá analisar em uma teleconferência, objetivam aumentar as receitas de maneiras que favoreçam o Syriza, como taxar os mais ricos e lidar com a evasão fiscal e a corrupção.
Após uma série de reuniões tensas do Eurogrupo, os credores internacionais irão examinar em minúcias as reformas para ter certeza de que cumprem outra das concessões gregas – que nada que seja feito durante os quatro meses condicionais sobrecarregue o orçamento do Estado.
(Reportagem adicional de Alexandra Hudson e Michael Nienaber em Bruxelas)