BEIRUTE/PARIS (Reuters) - O líder do Hezbollah disse nesta sexta-feira que a Arábia Saudita declarou guerra ao Líbano e ao seu grupo apoiado pelo Irã, acusando Riad de deter Saad al-Hariri e obrigá-lo a renunciar ao cargo de primeiro-ministro libanês para desestabilizar o país.
A França se tornou a primeira nação ocidental a indicar que a Arábia Saudita está detendo Hariri contra sua vontade, dizendo que gostaria que ele tivesse "toda sua liberdade de movimento e de ser plenamente capaz de desempenhar o papel essencial que é o seu no Líbano".
A renúncia de Hariri mergulhou o Líbano em uma crise, colocando-o na linha de frente de uma rivalidade regional entre a monarquia sunita da Arábia Saudita e o Irã xiita revolucionário.
Sayyed Hassan Nasrallah, o líder do Hezbollah, disse que a detenção de Hariri, um aliado saudita de longa data que anunciou sua renúncia no sábado passado em Riad, foi um insulto a todos os libaneses e que ele deve voltar ao Líbano.
"Vamos dizer as coisas como elas são: o homem está detido na Arábia Saudita e proibido até este momento de retornar ao Líbano", afirmou Nasrallah em um discurso televisionado.
"Está claro que a Arábia Saudita e autoridades sauditas declararam guerra ao Líbano e ao Hezbollah no Líbano."
Seus comentários espelham uma acusação feita por Riad na segunda-feira: a de que o Líbano e o Hezbollah declararam guerra ao reino conservador do Golfo Pérsico.
Riad diz que Hariri é um homem livre e que decidiu renunciar porque o Hezbollah estava dando as cartas em seu governo. A Arábia Saudita considera o Hezbollah seu inimigo em conflitos por todo o Oriente Médio, inclusive na Síria e no Iêmen.
Países ocidentais estão observando alarmados o aumento da tensão regional.
(Por Tom Perry, Ellen Francis e John Irish)