Por Amanda Becker
CLEVELAND HEIGHTS, Estados Unidos (Reuters) - A candidata presidencial democrata Hillary Clinton acusou Donald Trump no domingo de usar os pais de um soldado muçulmano morto no Iraque como bode expiatório, depois que o indicado republicano implicou com comentários feitos pelo pai do militar na Convenção Nacional Democrata.
Em uma entrevista à rede de televisão norte-americana ABC que foi ao ar no domingo, Trump questionou por que Ghazala Khan, mãe do capitão do exército dos Estados Unidos Humayun Khan, se manteve em silêncio ao lado do marido, Khizr Khan, quando ele subiu ao palco da reunião democrata da semana passada na cidade da Filadélfia.
Trump insinuou que a mãe pode não ter tido "permissão" para falar.
Discursando durante um serviço religioso, Hillary disse que Trump insultou uma família que fez um grande sacrifício. Ela também aproveitou o episódio para contrastar sua própria fé com a do magnata, que só tem falado sobre religião esporadicamente durante sua campanha.
"Não me ressinto de ninguém de outra fé ou sem fé nenhuma, mas estremeço diante daqueles que seriam capazes de fazer outros norte-americanos de bodes expiatórios, de insultar as pessoas por causa de sua religião, sua etnia, sua deficiência", disse Hillary nos Ministérios do Templo Imani, uma igreja afro-norte-americana de Cleveland Heights, no Ohio.
"Não é assim que fui criada, não é assim que me ensinaram na minha igreja", acrescentou a ex-senadora, que teve criação metodista. "Tim (SA:TIMP3) Kaine e eu somos pessoas de fé", afirmou, referindo-se a seu vice de chapa, que é católico.
O presidente da Câmara dos Deputados, Paul Ryan, e o líder da maioria no Senado, Mitch McConnell, ambos republicanos do primeiro escalão, também repudiaram os comentários de Trump em comunicados separados, embora não tenham mencionado seu postulante à presidência pelo nome.
"Muitos muçulmanos norte-americanos serviram com valentia em nossas forças armadas, e fizeram o sacrifício definitivo. O capitão Khan foi um destes bravos exemplos", disse Ryan. "Seu sacrifício – e aquele de Khizr e Ghazala Khan – deveria ser honrado sempre. Ponto final."