Por Piya Sinha-Roy
LOS ANGELES (Reuters) - De presidentes a serial killers, o diretor vencedor do Oscar Oliver Stone não deixa de explorar figuras controversas, mas inicialmente recusou quando foi perguntado se queria fazer um filme sobre o ex-terceirizado na Agência Nacional de Segurança dos Estados Unidos (NSA) Edward Snowden.
"Não queria fazer, não queria problemas", disse Stone à Reuters.
Mas o diretor de 70 anos, conhecido por filmes como "Platoon", "JFK - A Pergunta que Não Quer Calar", "Assassinos por Natureza" e "Wall Street: Poder e Cobiça", disse ter mudado a cabeça após conhecer Snowden na Rússia.
"Embora estivesse preocupado com o filme ser chato e tedioso, também vi como um suspense dramático. Senti que não iria conseguir audiência com um filme no estilo documentário", disse Stone.
"Snowden", que estreia nos EUA nesta sexta-feira, traça a jornada de Snowden de um conservador agente da CIA a um membro da NSA, até deixar os Estados Unidos em 2013 e expor à população comum os programas de vigilância em massa do governo.
Ele atualmente vive na Rússia e é procurado pelo governo norte-americano sob acusações de espionagem. A Anistia Internacional e outros dois grupos lançaram nesta semana uma campanha para que ele fosse perdoado.
Stone e Snowden se encontraram algumas vezes na Rússia e concordaram que o filme seria uma dramatização. Então o filme foi paralisado quando Stone foi procurar estúdios para financiamento. O diretor se negou a dizer quais estúdios procurou.
"Vivemos naquele clima, de definitivamente, acredito, autocensura", disse Stone.
"Não acredito que a NSA tenha ligado para alguém e dito 'não faça isso', mas quem sabe? A verdade é... você entra no clube ou você é excluído."
(Reportagem de Piya Sinha-Roy)