Por Laila Kearney e Sebastien Malo
NOVA YORK (Reuters) - Homenagens ao líder de defesa dos direitos civis Martin Luther King Jr. foram celebradas nos Estados Unidos nesta segunda-feira, ao mesmo tempo em que protestos contra o tratamento dado pela polícia às minorias se espalharam por todo país.
Os participantes do Dia Martin Luther King Jr. ligaram o feriado nacional deste ano ao grito de ordem escutado durante as manifestações dos últimos meses contra a brutalidade policial: "Black lives matter" ("A vida dos negros importa").
Em um protesto ainda antes do amanhecer em Oakland, na Califórnia, cerca de 40 pessoas foram à casa da prefeita Libby Schaaf para pedir punições mais severas contra policiais que usam da violência contra civis.
Eles desenharam corpos no asfalto, tocaram discos com os discursos de King e projetaram uma imagem do líder dos direitos civis assassinado acompanhada da inscrição "Black lives matter", sobre a porta da garagem da prefeita.
Outros protestos foram planejados em grandes cidades como Dallas e Nova York, onde a família de Eric Garner, morto enquanto um policial o imobilizava, deve depositar uma coroa de flores na rua do Brooklyn em que dois policiais uniformizados morreram numa emboscada em dezembro vítimas de um homem armado que dizia vingar a morte de Garner.
As decisões de tribunais do júri de não indiciar os policiais envolvidos nas mortes de Garner e Michael Brown, um adolescente desarmado que foi morto a tiros por um policial em Ferguson, no Estado do Missouri, provocaram meses de protestos em todo o país.
O sentimento de revolta ecoou mesmo nos tradicionais eventos em homenagem a King organizados em várias partes dos EUA, incluindo na Igreja Batista Ebenezer, onde King costumava pregar.
"Precisamos todos lembrar dele neste dia, porque ainda não temos completa liberdade", disse Kelly Pongee, de 50 anos, vinda de Jonesboro, na Geórgia, e que esteve entre as centenas de pessoas que esperaram por horas para participar do cerimonial.
"Olhe para o que estão fazendo com os direitos de voto. Olhe para Ferguson e aqueles outros lugares. Negros e pobres ainda são tratados diferentemente", disse Pongee.
Arthur Williams, de 60 anos, de Atlanta, na Geórgia, disse que King foi uma luz guia nos contínuos esforços em direção à igualdade para as minorias nos EUA.
"A luta não parou", disse Williams. "Mesmo com um presidente negro na Casa Branca, as pessoas da minha cor ainda são vítimas de injustiças."
(Reportagem adicional de Rich McKay, em Atlanta; e Peter Henderson e Noah Berger, em Oakland)