Por Guy Faulconbridge e Andrew MacAskill
LONDRES (Reuters) - A filha do ex-agente duplo russo Sergei Skripal está melhorando depois de passar três semanas em estado grave devido a um ataque com uma toxina nervosa na casa de seu pai na Inglaterra, informou nesta quinta-feira o hospital onde ela está sendo tratada.
Após o primeiro caso conhecido de uso ofensivo de um agente nervoso na Europa desde a Segunda Guerra Mundial, o Reino Unido acusou o presidente da Rússia, Vladimir Putin, pela tentativa de assassinato, e países ocidentais expulsaram cerca de 130 diplomatas russos.A Rússia nega ter usado o Novichok, agente nervoso desenvolvido pelos militares soviéticos, para atacar Skripal. Moscou disse suspeitar que os serviços secretos britânicos estejam tentando incriminar a Rússia para alimentar a histeria anti-russa.A polícia de contraterrorismo britânica disse acreditar agora que Skripal e sua filha Yulia, de 33 anos, foram envenenados com uma toxina nervosa que foi deixada na porta da frente de sua casa na cidade inglesa de Salisbury."Fico satisfeita de poder relatar uma melhoria no quadro de Yulia Skripal", disse Christine Blanshard, diretora médica do Hospital Distrital de Salisbury, em um comunicado. "Ela reagiu bem ao tratamento, mas continua recebendo cuidados clínicos especializados 24 horas por dia".
Seu pai permanece em estado grave, mas estável, disse o hospital. Na semana passada um juiz britânico disse que os Skripal podem ter sofrido danos cerebrais permanentes em resultado do ataque.A polícia disse nesta quinta-feira que instalou um cordão de isolamento ao redor de uma área de lazer infantil próxima da residência modesta dos Skripal por precaução.Londres atribuiu o ataque à Rússia e, em retaliação, expulsou 23 diplomatas russos que afirmou serem espiões trabalhando sob disfarces diplomáticos.A Rússia, que nega a ação, reagiu expulsando 23 diplomatas britânicos.O ataque contra Skripal, ex-coronel do serviço de inteligência militar russo que delatou dezenas de agentes russos ao serviço de espionagem britânico, provocou uma deterioração nas relações de Moscou com o Ocidente como não se via desde a Guerra Fria.Maria Zakharova, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores russo, disse aos repórteres em Moscou nesta quinta-feira que o Reino Unido está violando a lei internacional por se recusar a compartilhar informações sobre Yulia Skripal apesar do fato de ela ser uma cidadã russa.(Reportagem adicional de Michael Holden e Costas Pitas, em Londres, e Vladimir Soldatkin, em Moscou)