CAIRO/DUBAI (Reuters) - Os houthis, aliados do Irã, e seus inimigos sauditas começaram a conversar para tentar pôr fim à guerra do Iêmen, disseram duas autoridades, no que é aparentemente a mais séria iniciativa para encerrar uma rivalidade entre o Irã e a Arábia Saudita que vem agravando os tumultos no Oriente Médio.
Uma delegação do movimento houthi iemenita está na Arábia Saudita, afirmaram as fontes, na primeira visita desse tipo desde o início do conflito no ano passado entre forças houthis e uma coalizão militar árabe liderada por Riad, antagonista de Teerã.
As conversas relatadas coincidem com uma calma aparente nos combates na fronteira saudita-iemenita e nos ataques aéreos da coalizão contra Sanaa, a capital, atualmente sob controle dos houthis.
Enfatizando as rixas regionais, um militar iraniano de alta patente indicou que seu país ainda pode enviar conselheiros militares ao Iêmen para ajudar os houthis.
Em uma entrevista à agência de notícias Tasnim, o general de brigada Masoud Jazayeri, vice-chefe de gabinete das Forças Armadas, insinuou que o Irã pode auxiliar os houthis de maneira semelhante à forma como apoiou as forças do presidente Bashar al-Assad na Síria.
Indagado se Teerã enviaria assessores militares ao Iêmen, como fez na Síria, Jazayeri respondeu: "A República Islâmica... sente que é seu dever ajudar o povo do Iêmen de toda forma que puder, e em qualquer nível necessário".
A Arábia Saudita acusou o Irã de apoiar o movimento armado houthi do Iêmen, que levou o governo internacionalmente reconhecido do país para o exílio e desencadeou uma intervenção de nações do Golfo Pérsico em março do ano passado.
A Organização das Nações Unidas (ONU) afirmou que quase 6 mil pessoas morreram durante os confrontos. Centenas de milhares ficaram desabrigadas.
Os dois funcionários veteranos do organismo administrativo que comanda setores do Iêmen controlados pelos houthis disseram que a visita destes à Arábia Saudita teve início na segunda-feira a convite das autoridades sauditas após uma semana de preparativos secretos.
Teerã vê os houthis como a autoridade legítima do Iêmen, mas nega dar qualquer auxílio material a eles. Os houthis afirmam estarem conduzindo uma revolução contra um governo corrupto e seus apoiadores do Golfo Pérsico.
(Por Mohammed Ghobari e Bozorgmehr Sharafedin)
((Tradução Redação São Paulo, +5511 56447719))
RBS