Por Alexandra Valencia
QUITO (Reuters) - Manifestantes indígenas paralisaram estradas de todo o Equador e interditaram uma importante rodovia de acesso à capital nesta segunda-feira, o quinto dia de uma ação contra medidas de austeridade do governo que desencadearam os maiores tumultos em anos, o que resultou em 477 prisões.
A organização coletiva indígena Conaie disse que as manifestações continuarão até o presidente Lenín Moreno revogar a medida da semana passada que eliminou os subsídios dos combustíveis.
"Mais de 20 mil de nós estarão chegando a Quito para exigir que o governo revogue o decreto", disse o presidente da Conaie, Jaime Vargas, em uma coletiva de imprensa, afirmando que a mobilização coincidirá com uma greve nacional programada para a quarta-feira.
Moreno, de 66 anos, que abandonou as políticas de esquerda de seu antecessor e antigo mentor Rafael Correa, disse que não tolerará a desordem nem reverterá o aumento de preço dos combustíveis, que é parte de um pacote de reformas econômicas liberais.
A ministra do Interior, Paula Romo, disse à Rádio Quito que as detenções subiram para 477 desde quinta-feira, a maioria por vandalismo, incluindo a destruição de uma dúzia de ambulâncias.
Movimentos de indígenas e trabalhadores voltaram a bloquear estradas nesta segunda-feira, das terras altas andinas até o litoral do Pacífico, com pedras, pneus e galhos em chamas. O acesso norte a Quito foi paralisado.
A polícia ergueu barricadas ao redor do palácio presidencial, interditando a área do centro enquanto Moreno presidia uma reunião do conselho de segurança para avaliar a crise.
O governo diz que duas dúzias de policiais foram feridos nos confrontos com manifestantes. Um homem morreu ao ser atingido por um carro e uma ambulância não conseguiu atravessar as barricadas para socorrê-lo.
Um estado de emergência está em vigor.
(Por Alexandra Valencia e Cristina Muñoz em Quito, Alberto Fajardo em Cayambe, Yury Garcia em Guayaquil, Carlos Garcia Rawlins em Lasso)