Por Ari Rabinovitch e Simon Lewis
JERUSALÉM/WASHINGTON (Reuters) - O gabinete de guerra de Israel concordou em permitir a entrada de 140.000 litros de combustível em Gaza a cada dois dias, após um pedido de Washington, em meio à escassez aguda que ameaçou as entregas de ajuda e as comunicações na faixa sitiada, disseram autoridades de Israel e dos Estados Unidos nesta sexta-feira.
Israel impôs um bloqueio rigoroso a todos os produtos que entram na Faixa de Gaza, controlada pelo Hamas, quando lançou uma campanha militar em resposta ao ataque do grupo militante palestino em 7 de outubro, no qual eles mataram 1.200 pessoas e fizeram 240 reféns.
Desde então, Israel concordou em permitir a entrada de caminhões de ajuda após inspeções rigorosas, e uma pequena quantidade de combustível foi permitida na quarta-feira para manter em movimento os caminhões de entrega de ajuda da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA).
Uma autoridade israelense que não quis ser identificada afirmou que dois caminhões por dia seriam autorizados a entrar para atender às necessidades da ONU, mas disse que a quantidade daria um apoio "mínimo" aos sistemas de água, esgoto e sanitários em Gaza.
Uma autoridade do Departamento de Estado dos EUA deu mais detalhes e disse que Israel havia se comprometido a permitir a entrada de 120.000 litros de combustível a cada 48 horas para os caminhões da UNRWA e outras necessidades, como dessalinização da água, bombeamento de esgoto, padarias e hospitais no sul de Gaza.
Um adicional de 20.000 litros a cada dois dias seria permitido para alimentar os geradores da empresa de telecomunicações Paltel, que alertou sobre um apagão iminente de sua rede de celulares devido à falta de combustível.
Autoridades dos EUA têm pressionado Israel a permitir a entrada de combustível há algum tempo. Mas o secretário de Estado, Antony Blinken, telefonou para membros do gabinete de guerra de Israel na quarta-feira e alertou que a falta de combustível poderia levar a uma catástrofe humanitária entre os 2,3 milhões de habitantes de Gaza, disse o representante do Departamento de Estado.
Autoridades israelenses já haviam argumentado que o Hamas deveria libertar os reféns antes de aliviar a pressão sobre Gaza, disse a autoridade, acrescentando que as negociações sobre a libertação dos reféns continuam separadas da medida sobre o combustível.
A autoridade israelense confirmou que a decisão veio após uma solicitação de Washington e disse que permitir a entrada do combustível dá a Israel mais espaço de manobra na arena internacional para que possa continuar sua campanha para erradicar o Hamas em Gaza.
(Reportagem de Ari Rabinovitch em Jerusalém e de Simon Lewis e Daphne Psaledakis em Washington)