Por Elizabeth Piper
LONDRES (Reuters) - Depois de meses ensaiando sua estratégia eleitoral, o primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, está prestes a iniciar uma campanha de alto risco para explorar as divisões a respeito da separação britânica da União Europeia, apesar de seus apelos públicos pela união nacional.
Até a eleição de 12 de dezembro, Johnson se dedicará a retratar seu novo acordo do Brexit com a UE como uma vitória para um líder que, segundo muitos, seria incapaz de obter concessões de Bruxelas e tiraria o país do bloco sem um acordo.
Um ponto central da campanha eleitoral será a mensagem de que somente Johnson é capaz de concretizar a desfiliação, disseram duas fontes próximas da campanha.
Trata-se de uma postura que o ex-ministro das Relações Exteriores e ex-prefeito de Londres já usou com graus variados de sucesso desde que se tornou premiê em julho. Sua antecessora, Theresa May, fracassou em três tentativas de fazer o Parlamento aprovar seu próprio acordo para o Brexit.
Inicialmente, o pacto de Johnson obteve aprovação parlamentar, mas sua aprovação continua incerta. Na eleição, ele espera obter uma maioria parlamentar --algo de que atualmente não desfruta-- para obter um aval ao acordo.
Segundo uma fonte, para vencer a eleição, ao invés de unir o povo, o Partido Conservador, de Johnson, quer capitalizar as divisões a respeito da UE na esperança de motivar os eleitores que apoiaram o rompimento lhes oferecendo um aperitivo do chamado "dividendo do Brexit" -- por exemplo, um financiamento prometido para o sistema de saúde vindo da economia gerada pela saída do bloco.
É uma narrativa que coloca os apoiadores do Brexit contra o "establishment" --o Parlamento, os tribunais e as grandes empresas-- que Johnson diz estar tentando frustrar "a vontade do povo".
"São os de fora contra os de dentro", disse um correligionário veterano.
Isso envolve cortejar regiões inglesas que normalmente votam no Partido Trabalhista opositor, mas que também apoiam a separação da UE, para se contrapor a um desafio do Partido do Brexit, liderado pelo eurocético veterano Nigel Farage.
Johnson parece estar fortalecido, lidera as pesquisas de opinião e tem uma aprovação pessoal muito maior do que seu principal oponente, o líder trabalhista Jeremy Corbyn.