Por Francesco Guarascio e Andrea Shalal
BRUXELAS/BERLIM (Reuters) - Grupos judeus na Europa e nos Estados Unidos expressaram alarme neste domingo com o sucesso da extrema-direita Alternativa para Alemanha nas eleições parlamentares e instaram outros partidos a não formarem uma aliança com a AfD.
As projeções de mais cedo deram à AfD 13,5 por cento dos votos, permitindo ao partido entrar para o Bundestag pela primeira vez, como o terceiro maior partido.
A extrema-direita não era representada no parlamento desde os anos de 1950, um reflexo dos esforços alemães para se distanciar dos horroroes do Holocausto Nazista.
Ronald Lauder, presidente do Congresso Judaico Mundial, baseado em Nova York, chamou a chanceler Angela Merkel de "uma amiga verdadeira de Israel e do povo judeu" e criticou a vitória da AfD num tempo em que o anti-semitismo está aumentando ao redor do globo.
"É abominável que o partido AfD, um movimento reacionário vergonhoso que repete o pior do passado da Alemanha e deveria ser proibido, agora tenha a habilidade de promover sua plataforma vil no parlamento alemão", disse Lauder.
O AfD, que aumentou nos dois anos desde que Merkel deixou as fronteiras abertas para mais de 1 milhão de migrantes, a maioria fugitivos da guerra no Oriente Médio, disse que a imigração compromete a cultura da Alemanha, mas nega que seja racista ou antissemita.
O Congresso Judaico Europeu instou os partidos centristas a cumprir seus votos para evitar formar coalizões com a AfD.
"Algumas das posições que adotou durante a campanha eleitoral exibem níveis alarmantes de intolerância não vistos na Alemanha há muitas décadas e que, claro, são de grande preocupação para os judeus alemães e europeus."
O Conselho Central dos Judeus na Alemanha disse que os resultados das eleições confirmaram seus piores medos e pediu que outras partes permanecessem unidas para se opor à AfD.
"Um partido que tolera o pensamento extremista de direita em suas fileiras e incita o ódio contra as minorias ... agora será representado no parlamento e em quase todas as legislaturas estaduais", disse o presidente do grupo, Josef Schuster, em um comunicado.
"Espero que nossas forças democráticas exponham a verdadeira natureza do AfD e suas promessas populistas vazias", acrescentou.
A Alemanha, que abriga hoje a cerca de 200 mil judeus, construiu uma reputação nas últimas décadas como um lugar seguro para os judeus, mas dados oficiais mostram crimes antisemitas aumentaram 4 por cento, para 681 nos primeiros oito meses de 2017 em relação ao mesmo período do ano passado.